Desafios de 2026: Abin alerta para riscos de ataques com IA e segurança eleitoral

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgou, ontem (2), a publicação “Desafios de Inteligência Edição 2026”, antecipando as principais ameaças e riscos à segurança do Estado e da sociedade brasileira. O documento tem como objetivo auxiliar a Presidência da República na tomada de decisões e na formulação de políticas, cumprindo o papel institucional da agência com transparência.

Entre os focos de preocupação para o próximo ano estão a segurança do processo eleitoral de 2026 e a escalada de ataques cibernéticos autônomos impulsionados por Inteligência Artificial (IA).

Cinco Riscos Centrais para a Segurança Nacional
O levantamento, que contou com a colaboração de especialistas de universidades, agências e instituições de pesquisa, detalha cinco grandes desafios que representam riscos diretos e indiretos para o país:

Segurança no processo eleitoral de 2026: Ameaças complexas e multifacetadas, incluindo desinformação e influência do crime organizado.

Ataques cibernéticos autônomos com agentes de IA: Risco da IA ser usada como ferramenta ofensiva capaz de planejar e executar ataques sofisticados.

Transição para a criptografia pós-quântica: Urgência em desenvolver algoritmos nacionais para garantir a soberania digital e proteger comunicações sigilosas.

Reconfiguração das cadeias de suprimento global: Adaptação à nova conjuntura internacional marcada por “desglobalização deliberada” e guerras econômicas.

Dependência tecnológica, atores não estatais e interferência externa: Vulnerabilidade do Brasil à influência de big techs e potências globais no domínio digital.

Integridade do Voto sob Ameaça
A Abin avalia que as eleições gerais de 2026 (para presidente, governadores, senadores e deputados) enfrentam ameaças complexas. O “vetor principal” é a tentativa de deslegitimar as instituições democráticas, um cenário que lembra a invasão às sedes dos Três Poderes em janeiro de 2023, catalisada por manipulação de massas e desinformação em larga escala.

O documento também ressalta dois riscos adicionais à integridade do pleito: a crescente influência do crime organizado em territórios sob sua domínio e o potencial de interferência externa visando desestabilizar o processo e favorecer interesses geopolíticos estrangeiros.

A Urgência da Soberania Digital
A Era Digital e a corrida tecnológica são vistas como desafios nevrálgicos. A agência alerta que a dependência estrutural de hardwares estrangeiros e a concentração de poder em big techs representam uma ameaça direta à autonomia decisória nacional.

Nesse contexto, a evolução acelerada da IA é um risco iminente. Ela pode se tornar um “agente ofensivo autônomo, capaz de planejar, executar e adaptar ataques”, elevando o risco de que incidentes cibernéticos possam, eventualmente, escalar para conflitos militares.

Ainda no domínio tecnológico, a Abin prevê que a chegada da computação quântica em 5 a 15 anos tornará obsoleta a criptografia atual. Por isso, a transição urgente para algoritmos pós-quânticos que não dependam de tecnologias estrangeiras é considerada um pilar da soberania digital.

O diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, destacou que o domínio digital é a “arena central” da competição geopolítica, onde as big techs atuam como “vetores de influência de seus Estados-sede”.

Competição Global e Vulnerabilidades Climáticas
A Abin situa o Brasil em um cenário de multipolaridade desequilibrada, marcado pela competição estratégica entre EUA e China. O país enfrenta uma “dependência dupla”: da China para superávit comercial em commodities e de capital e tecnologias ocidentais (especialmente dos EUA) para investimentos.

As mudanças climáticas também se consolidam como um risco severo. O documento lembra que 2024 foi o ano mais quente já registrado, ultrapassando em 1,5∘C a média pré-industrial. As catástrofes naturais, como a seca na Amazônia e inundações no Rio Grande do Sul em 2024, aumentam a frequência e causam prejuízos setoriais severos, como perdas anuais estimadas em R$ 13 bilhões devido a impactos diretos.

O aquecimento global também impacta a segurança energética e alimentar, com perdas anuais estimadas em R$ 1,1 bilhão no setor de energia e a previsão de que 46% das pragas agrícolas piorem até 2100.

O entorno estratégico sul-americano, por sua vez, está cada vez mais permeável a disputas geopolíticas por recursos estratégicos como lítio, terras raras e os recursos naturais da Bacia Amazônica, intensificando as pressões externas sobre o Brasil. Com informações da Agência Brasil

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