Juros do rotativo do cartão disparam e superam 450% ao ano, diz BC
As taxas médias de juros cobradas pelos bancos no Brasil registraram alta em agosto para famílias e empresas, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas pelo Banco Central (BC). O maior destaque de alta foi o cartão de crédito rotativo, cuja taxa subiu 5,3 pontos percentuais (pp), alcançando impressionantes 451,5% ao ano.
O rotativo é uma das modalidades de crédito mais caras do mercado e, apesar da limitação na cobrança dos juros imposta desde janeiro do ano passado, as taxas continuam variando sem uma queda significativa. Em 12 meses, os juros do rotativo acumulam alta de 24,6 pp para as famílias. O consumidor entra no crédito rotativo ao pagar qualquer valor abaixo do total da fatura, contraindo um empréstimo de curto prazo.
Após 30 dias, a dívida é automaticamente parcelada pelas instituições financeiras. Nesse caso, o cartão parcelado apresentou uma pequena queda, com juros recuando 2,7 pp no mês e chegando a 180,7% ao ano.
Taxas médias de crédito em elevação
No geral, as taxas médias de juros das concessões de crédito livre (em que os bancos definem as taxas) apresentaram aumento para ambos os públicos:
Pessoas Físicas: A taxa média cresceu 0,5 pp em agosto, atingindo 58,4% ao ano, com alta acumulada de 6,6 pp em 12 meses.
Empresas: O juro médio nas novas contratações subiu 0,2 pp no mês, chegando a 25,2% ao ano. Merece destaque o aumento de 9,6 pp no mês na taxa média de juros de operações de capital de giro com prazo de até 365 dias, que alcançou 38% ao ano.
Considerando a totalidade dos recursos (crédito livre e direcionado), a taxa média de juros das concessões subiu 0,2 pp no mês, atingindo 31,8% ao ano.
Selic e o custo do crédito
A alta nos juros cobrados pelos bancos acompanha o ciclo de elevação da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, atualmente em 15% ao ano. A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação: ao ser elevada, o crédito encarece, o consumo diminui e a demanda esfria. A previsão é que a Selic permaneça em 15% ao ano, pelo menos, até o final de 2025.
Outro indicador que subiu foi o spread bancário, que mede a diferença entre o custo de captação dos recursos pelos bancos e o que é cobrado dos clientes. O spread avançou 0,3 pp no mês, refletindo a margem utilizada pelas instituições para cobrir custos, riscos de inadimplência e gerar lucro.
Estoque de crédito e endividamento das famílias
O estoque de todos os empréstimos no Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu R$ 6,757 trilhões em agosto, um crescimento de 0,5% no mês. O avanço foi impulsionado pelas carteiras de crédito para famílias (aumento de 0,7%) e empresas (aumento de 0,2%).
A inadimplência (atrasos acima de 90 dias) ficou em 3,9% no total, sendo 4,8% para pessoas físicas e 2,6% para pessoas jurídicas.
Em relação ao endividamento, os dados de julho indicaram que a relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada das famílias foi de 48,6% (com financiamento imobiliário) ou 30,4% (sem financiamento imobiliário). Já o comprometimento da renda com o pagamento das dívidas atingiu 27,9% em julho. Com informações da Agência Brasil

