UFMG receberá recursos para desenvolvimento de vacina contra a dependência de cocaína e crack

A UFMG e o governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado da Saúde e da Fapemig, a fundação de amparo à pesquisa do estado, estão finalizando o processo de formalização do aporte de recursos para as novas etapas de desenvolvimento da Calixcoca, vacina terapêutica contra a dependência de cocaína e crack desenvolvida na Universidade. Os recursos, da ordem de R$ 10 milhões, viabilizarão a continuação da pesquisa, que entrará em breve na fase 1 de testes, que verificará a segurança do produto no uso em humanos.

Na semana passada, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida foi recebida pelo secretário Fábio Baccheretti, em reunião de que também participou, por videoconferência, o diretor de Ciência e Tecnologia da Fapemig, Marcelo Speziali.

“O governo de Minas é nosso parceiro desde o início do projeto, quando houve financiamento da Fapemig. Agora, esse novo movimento de apoio contribui para a consolidação da pesquisa, que apresenta resultados muito positivos, mas ainda tem longo caminho a percorrer e culminará em um produto de valor para as políticas públicas e um aliado no tratamento da dependência química”, diz Sandra Goulart.

Pioneirismo
“O estado de Minas Gerais não poderia deixar de apoiar esse projeto, que é reconhecido internacionalmente por seu pioneirismo. Estamos tratando dos instrumentos para formalizar esse aporte o mais rapidamente possível. Trata-se de uma pesquisa mineira que dará contribuição crucial para a saúde pública do país”, afirma Fábio Baccheretti.

O professor Frederico Garcia, da Faculdade de Medicina da UFMG, um dos pesquisadores que lideram o projeto da Calixcoca, conta que, depois de vencer a etapa de testes em animais, o projeto está em fase de orçamento e planejamento para os próximos passos, a começar dos primeiros testes em humanos. “Aguardamos a aprovação da Anvisa para a fase 1, que verifica possíveis efeitos colaterais em humanos”, explica.

Anticorpos ligados à cocaína
O medicamento induz o sistema imune a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga em uma molécula grande, que não passa pela barreira hematoencefálica. O projeto já passou por etapas pré-clínicas, em que foram constatadas segurança e eficácia para tratamento da dependência de crack.

Em entrevista ao Portal UFMG, Frederico Garcia exaltou os resultados alcançados até o momento nos testes da Calixcoca, mas ressaltou que ela não seria indicada indiscriminadamente para todas as pessoas com transtorno por uso de cocaína. “É preciso fazer uma avaliação científica para identificar com precisão como ela funcionaria e para quem ela seria eficaz, de fato.”

Os estudos reúnem também os professores Maila de Castro, da Faculdade de Medicina, Gisele Goulart, da Faculdade de Farmácia, Ângelo de Fátima, do Instituto de Ciências Exatas, e os pesquisadores Paulo Sérgio de Almeida, Raissa Pereira, Sordaini Caligiorne, Brian Sabato, Bruna Assis, Larissa do Espírito Santo e Karine Reis, vinculados ao Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (NAVeS) .

Prêmios e recursos
A Calixcoca foi reconhecida recentemente pelo Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas, por seu caráter inovador, e pelo Prêmio Euro Inovação na Saúde, organizado pela farmacêutica multinacional Eurofarma.

Em setembro, a reitora Sandra Goulart Almeida e o professor Frederico Garcia apresentaram o projeto da vacina ao ministro Camilo Santana, da Educação, e solicitaram apoio do governo federal para dar prosseguimento aos testes. No Congresso Nacional, existe o compromisso de destinação de verbas de emendas parlamentares individuais.

A UFMG, por meio da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), empreendeu trabalho estratégico de proteção nacional e internacional da tecnologia e busca agora parceiros para licenciá-la. A patente tem a Fapemig como cotitular. Com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde/Portal UFMG.

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