Lasers e carbono no solo uma nova era para a agricultura brasileira

Um estudo pioneiro liderado pela Embrapa Instrumentação, em parceria com a Bayer, revelou que tecnologias baseadas em laser podem medir com precisão os níveis de carbono no solo de áreas agrícolas. A pesquisa, realizada em fazendas do Cerrado, Mata Atlântica e Pampa, mostra que o Cerrado é capaz de estocar até 50% mais carbono em propriedades que adotam o manejo sustentável, como o plantio direto, em comparação com áreas nativas.

Mais carbono no Cerrado
O estudo utilizou duas técnicas principais com o uso de laser: a espectroscopia de plasma induzido por laser (LIBS) para quantificar o carbono, e a espectroscopia de fluorescência induzida por laser (LIFS) para analisar as características do material orgânico.

A pesquisa revelou que fazendas com práticas sustentáveis no Cerrado apresentaram um aumento de até 50% nos estoques de carbono, com variação média de 250 toneladas por hectare. Esse resultado é um importante avanço na compreensão do sequestro de carbono em solos tropicais, com impactos diretos para a agricultura de baixo carbono e o mercado de créditos de carbono no Brasil.

O pesquisador da Embrapa Ladislau Martin Neto explica que a matéria orgânica do solo tem cerca de 50% de carbono em sua composição. Ele afirma que o estudo apoia o incentivo a produtores para que adotem práticas conservacionistas, pois elas podem gerar retorno econômico, melhorar a fertilidade do solo e contribuir para o meio ambiente.

Tecnologia precisa para um mercado crescente
Para Adriano Anselmi, líder técnico do negócio de carbono da Bayer, a medição do carbono com ferramentas de baixo custo e com dados que podem ser certificados é importante para estimular a mitigação dos gases de efeito estufa. O estudo, conduzido em 11 fazendas comerciais, demonstra que o uso combinado das técnicas de laser pode avaliar o conteúdo e o grau de estabilidade química do carbono retido no solo de forma rápida, precisa e limpa.

A pesquisadora da Embrapa Débora Milori, que liderou o desenvolvimento da tecnologia LIBS, assegura que a técnica é uma ótima substituta para o método de referência internacional. Ela destaca que o LIBS tem custos e tempo de análise menores, tornando-o mais adequado para o monitoramento de grandes áreas agrícolas, como as que existem no Brasil, e para o mercado de créditos de carbono.

Resiliência do solo para um futuro sustentável
A pesquisa mostrou que a matéria orgânica do solo é sensível às mudanças no uso da terra, e sua redução pode levar à degradação da funcionalidade do solo. No entanto, a restauração e a incorporação da matéria orgânica podem reverter a degradação, gerando acúmulo de carbono, maior retenção de água e melhora da fertilidade.

Martin Neto destaca que os solos brasileiros, em especial no Cerrado, têm um potencial significativo para o sequestro de carbono, principalmente com o uso de práticas de manejo sustentável. Ele ressalta que, como a produção agrícola no Brasil é mais de 90% dependente da chuva, manter e aumentar o conteúdo de matéria orgânica no solo é fundamental para o futuro do agronegócio. Com informações da Assessoria de Comunicação da Embrapa

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