Gastos com apostas online adiaram formação superior de 34% dos Jovens em 2025, diz estudo

Os gastos com apostas esportivas online estão atrasando o início da graduação de 33,8% dos apostadores, conforme a pesquisa “O Impacto das Bets 2”, divulgada em abril de 2025. Realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes) em parceria com o instituto Educa Insights, o estudo avalia como as “bets” influenciam o acesso dos brasileiros ao ensino superior.

O levantamento aponta ainda que 34,4% dos apostadores entrevistados precisarão interromper seus gastos com apostas para conseguir ingressar em um curso de nível superior no início de 2026. Paulo Chanan, diretor-geral da Abmes, expressou preocupação com o agravamento dos dados em comparação com a primeira edição do estudo, de setembro de 2024. “Isso indica que o fenômeno está se aprofundando e afetando, principalmente, os jovens das classes C e D. Trata-se de uma realidade relativamente nova no Brasil, que ainda carece de amadurecimento por parte da sociedade e de uma regulação mais eficaz por parte do poder público”, declarou à Agência Brasil.

Perfil do apostador e métodos da pesquisa
Para esta segunda edição da pesquisa, foram realizadas 11.762 entrevistas entre 20 e 24 de março, resultando em 2.317 questionários completos. Os jovens entrevistados, com idades entre 18 e 35 anos, abrangem as cinco regiões do país e todas as classes sociais.

O perfil do apostador se mantém similar ao da primeira edição do estudo, de setembro de 2024:
85% são homens;

85% trabalham;

72% têm filhos;

38% pertencem à classe B e 37% à classe C;

79% têm o salário como principal fonte de renda;

40% têm entre 26 e 30 anos; e 30%, entre 31 e 35 anos.

Impacto na permanência e no acesso ao ensino superior
A pesquisa “O Impacto das Bets 2” revela que, entre os apostadores já matriculados no ensino superior, 14% atrasaram mensalidades ou trancaram o curso devido aos gastos com apostas. Entre os que ingressaram em instituições de ensino superior privadas, 35% afirmam que precisarão parar de gastar com apostas online.

Com base no Censo da Educação Superior 2023, a Abmes estima que 986.779 estudantes podem ter sua graduação diretamente impactada em 2026 por conta das apostas virtuais. “No longo prazo, o dado mais preocupante é a projeção para 2026: quase 1 milhão de potenciais ingressantes na educação superior privada podem não efetivar a matrícula devido ao comprometimento financeiro com apostas e jogos online”, estima Paulo Chanan.

Frequência e valores apostados
O estudo conclui que as apostas fazem parte da rotina de metade dos entrevistados, com uma frequência alta: de uma a três vezes por semana. Dentre esses, 41% são da região Sudeste e 40% do Nordeste.

Em setembro de 2024, 30,8% dos entrevistados relataram ter gastado mais de R$ 350 em apostas. Na edição de abril de 2025, esse percentual subiu para 45,3%. Sobre a recuperação do valor apostado, 30,3% dos apostadores em 2024 não conseguiram reaver os recursos, índice que caiu para 22,9% em abril de 2025.

Daniel Infante, diretor do instituto Educa Insights, observou que “o mercado educacional ganha um novo concorrente pelo bolso do aluno potencial. Isto, aliado às mudanças regulatórias em curso, pode afetar significativamente o mercado potencial para o ensino superior privado no país”, em entrevista à Agência Brasil.

Outros impactos e soluções propostas
Além dos efeitos no acesso e permanência no ensino superior, o estudo de abril de 2025 mostra outros prejuízos financeiros entre os entrevistados:

28,5% deixaram de frequentar restaurantes, bares ou sair com amigos;

23,6% deixaram de investir em academia ou atividades físicas/esportes;

20,9% deixaram de investir em cursos, idiomas ou outro aprendizado.

A Abmes, embora não se posicione contra a regulamentação do setor de apostas, defende a necessidade de limites, controle e políticas públicas de conscientização. “A Abmes acredita que a solução para o problema precisa ser multissetorial. O enfrentamento ao impacto das bets deve se dar com responsabilidade e dados, promovendo discussões em fóruns educacionais e políticos”, afirmou o diretor Paulo Chanan. A instituição também sugere campanhas educativas sobre os riscos do uso excessivo de plataformas de apostas, direcionadas a diversos setores sociais, incluindo instituições de ensino. Com informações da Agência Brasil

PUBLICIDADE
[wp_bannerize_pro id="valenoticias"]
Don`t copy text!