Embrapa revoluciona conservação genética com nova fábrica de nitrogênio líquido

O Banco Genético da Embrapa, localizado na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília-DF, deu um passo significativo em suas operações com a inauguração de sua própria fábrica de produção de nitrogênio líquido. A partir de agora, o nitrogênio será gerado a partir do ar atmosférico, marcando um avanço crucial na capacidade da Embrapa de responder a situações críticas, como interrupções no transporte ou a escassez de fornecedores externos.

Segundo o pesquisador Juliano Gomes Pádua, curador da coleção de sementes do Banco Genético, a aquisição deste equipamento não só reduz custos operacionais mas também contribui para a sustentabilidade da instituição. “O nitrogênio líquido é um insumo fundamental para a conservação em longo prazo de sêmen, embriões, microrganismos e tecidos vegetais”, ressalta Pádua.

O equipamento, financiado por recursos do subprojeto FINEP – Conservação de recursos genéticos animais, vegetais e de microrganismos em condições de longo prazo no Banco Genético da Embrapa, destaca-se pela eficiência energética e alta confiabilidade. Com capacidade de produzir 12 litros de nitrogênio líquido por hora, a estrutura inclui um reservatório de 500 litros para abastecer os criotanques de conservação da instituição.

Samuel Rezende Paiva, coordenador do programa de Recursos Genéticos da Embrapa, informa que o abastecimento é atualmente realizado de forma semi-automatizada, mas melhorias estão sendo implementadas para que o processo seja totalmente automatizado, conforme a necessidade de cada criotanque. Ele acrescenta que “procedimentos operacionais estão em edição para que a equipe envolvida – tanto de pesquisa quanto de manutenção – seja devidamente treinada e apta a fazer o abastecimento quando necessário”.

Diversificação das coleções e liderança tecnológica na América Latina
Com essa nova aquisição, a Embrapa reforça seu compromisso com a preservação de recursos genéticos cruciais para a agricultura e a alimentação. A fábrica assegura condições ideais para a manutenção da viabilidade das amostras e, além disso, abre novas oportunidades para diversificar os materiais biológicos conservados em criopreservação. Há excelentes perspectivas de crescimento nas coleções das três vertentes: animal, microbiana e vegetal. Atualmente, a maior demanda por nitrogênio líquido provém da área animal, seguida pelos materiais vegetais e microrganismos.

A instalação desta infraestrutura posiciona a Embrapa entre as instituições públicas com maior capacidade técnica para gestão e conservação de bancos genéticos na América Latina. Nos próximos meses, testes serão realizados para avaliar a autossuficiência do Banco Genético em relação ao nitrogênio líquido, a fim de decidir sobre o fornecimento para outros laboratórios da Unidade.

Segurança alimentar, inovação e parcerias internacionais
O Banco Genético da Embrapa é uma base valiosa para a pesquisa, inovação e a segurança alimentar no Brasil. Os recursos genéticos ali preservados abrangem desde espécies tradicionais de cultivos, animais e microrganismos de relevância para a agropecuária brasileira, até material genético com potencial ainda inexplorado.

“Com a fábrica de nitrogênio líquido, damos um passo decisivo para garantir a proteção desse patrimônio genético com tecnologia de ponta e eficiência operacional, fortalecendo a imagem da Embrapa como uma das instituições com maior capacidade técnica para gestão e conservação de recursos genéticos em nível mundial”, destaca Juliano Pádua. Para ele, a nova infraestrutura também abrirá portas para a ampliação de parcerias internacionais, consolidando a posição do Brasil como referência global em conservação genética para países em desenvolvimento. Com informações da Embrapa

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