Etarismo, preconceito contra idosos, é tema central em prova nacional para professores
A Prova Nacional Docente (PND), aplicada ontem (26), trouxe para o centro do debate a questão do idadismo como um desafio social e educacional no contexto brasileiro. O exame, conhecido como CNU dos Professores, reuniu mais de um milhão de inscritos em todo o país.
O idadismo, também chamado de etarismo, é definido como o preconceito, a discriminação ou a criação de estereótipos direcionados a indivíduos ou grupos com base em sua idade.
Desafio discursivo na PND
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação da prova, informou que o enunciado da questão discursiva destacou a importância de combater estereótipos discriminatórios baseados na idade e de promover a integração efetiva entre diferentes gerações no ambiente escolar. O texto base da questão foi extraído do Relatório Mundial sobre o Idadismo de 2023, elaborado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Os candidatos tiveram que desenvolver uma redação que abordasse os impactos das diferenças etárias no cotidiano das unidades de ensino. Como parte da proposta de solução, o participante da PND foi solicitado a apresentar, pelo menos, uma atividade prática para combater o idadismo e fomentar a integração intergeracional nas escolas.
Suporte teórico e textos motivadores
Para auxiliar os mais de 1,08 milhão de inscritos na construção do texto discursivo, foram disponibilizados textos motivadores, cuja principal função é fornecer um recorte temático e contextualizar o candidato sobre o assunto.
Entre o material de apoio, estava o artigo 22 do Estatuto do Idoso, que propõe a inclusão de conteúdos sobre o envelhecimento e a valorização das pessoas idosas nos currículos escolares.
Outro texto fornecido aos participantes da PND foi um trecho da obra À Sombra Desta Mangueira, de autoria do educador Paulo Freire (1921-1997). O trecho, publicado em 1995 com base em manuscritos originais, traz uma reflexão sobre como a juventude e a velhice se manifestam como atitudes diante da vida e do processo de aprendizagem.
Estrutura da avaliação
Além da questão discursiva, os participantes também responderam a uma série de questões objetivas. A prova de Formação Geral Docente, de caráter comum a todos, incluiu 30 questões objetivas e a questão discursiva, elaboradas com base em temas cruciais para a formação de um professor.
A seção de conteúdo específico, por sua vez, contou com 50 questões de múltipla escolha, focadas nas habilidades e no conteúdo programático das 17 áreas de licenciatura avaliadas. A matriz de avaliação da PND segue o mesmo modelo da avaliação teórica do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas, que desde 2024 é voltada especificamente para os cursos de formação de professores.
A prova teve duração total de cinco horas e 30 minutos, com término às 19h, no horário de Brasília.
O papel da PND no magistério
A Prova Nacional Docente não se configura como uma certificação pública para o exercício do magistério nem como um concurso. O exame foi instituído pelo Ministério da Educação (MEC) para avaliar a formação e o nível de conhecimento dos futuros professores das licenciaturas.
O objetivo do MEC com a PND é oferecer um instrumento de apoio a estados e municípios na seleção de professores para suas respectivas redes de ensino. A intenção do governo é, por meio do exame, incentivar a realização de concursos públicos e aumentar o número de docentes efetivos nas escolas básicas do Brasil.
A PND será realizada anualmente pelo Inep, e integra o programa Mais Professores para o Brasil, um conjunto de ações voltadas para o reconhecimento, a qualificação do magistério e o incentivo à docência. Com informações da Agência Brasil


