Presidente da COP30 diz que China apoia combate à mudança do clima
O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), embaixador André Corrêa do Lago, destacou o cenário de polarização entre China e Estados Unidos no debate climático global. Em entrevista ao programa Brasil no Mundo, da TV Brasil, o embaixador observou que a China emerge como uma grande entusiasta da transição para a nova economia verde, enquanto o governo norte-americano sinaliza um possível retorno a um modelo econômico mais tradicional.
Segundo Corrêa do Lago, a postura da China em apoiar integralmente a agenda de combate às mudanças climáticas transformou o tema em uma disputa geopolítica sobre a direção futura da economia mundial.
Preocupações na transição energética
O embaixador ressaltou que setores econômicos e políticos dos Estados Unidos temem que o país perca sua liderança tecnológica global caso abandone a transição energética em favor dos combustíveis fósseis.
Corrêa do Lago também chamou a atenção para uma nova forma de negar a crise climática, o que ele chamou de “negacionismo econômico”. Essa visão não nega o impacto humano no clima, mas o considera uma consequência inevitável do desenvolvimento. Assim, a solução prioritária seria a adaptação em vez da mitigação dos efeitos.
O presidente da COP30 apontou, no entanto, que a agenda climática ganha força pela própria economia. Em muitos segmentos, as tecnologias que substituem os combustíveis fósseis já estão se tornando mais acessíveis, o que dificulta o posicionamento contrário.
O papel dos EUA e o novo fundo brasileiro
Apesar da ausência do governo federal norte-americano nas negociações oficiais, Corrêa do Lago fez questão de destacar a forte presença de governadores, como o da Califórnia, que representam cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. Contudo, o embaixador alertou que a maior ausência do país seria a persistência em um caminho de retorno aos combustíveis fósseis, devido ao peso dos EUA na economia global.
O embaixador também comentou sobre o novo mecanismo de financiamento brasileiro, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Ele classificou a iniciativa como “muito inovadora” por tratar de temas essenciais como a preservação florestal, a biodiversidade e o apoio às populações locais.
Por ser um fundo externo aos mecanismos oficiais da Convenção do Clima, o TFFF está apto a receber investimentos de países em desenvolvimento, como o Brasil e a China. Normalmente, os fundos da Convenção seguem o princípio de que países desenvolvidos devem financiar os em desenvolvimento. Com a inovação do TFFF, a porta se abre para que nações como a China participem ativamente no financiamento.
O foco principal do TFFF são os fundos soberanos – fundos de investimento gerenciados por países – que buscam rendimentos estáveis. O embaixador espera novos anúncios de aportes após a conclusão da COP, admitindo que, por ser um modelo novo, a compreensão do fundo leva tempo. Com informações da Agência Brasil


