MG registra baixa cobertura da vacina contra o HPV
Apesar da vacina contra HPV ser oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e ser um dos métodos mais eficazes contra a doença, as coberturas vacinais contra esse vírus no estado de Minas Gerais estão abaixo da meta de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS).
Entre 2010 a 2023, o estado registrava 68,96% de cobertura vacinal contra o HPV no público feminino e 41,37% no público masculino. Esse comportamento também é observado na área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Teófilo Otoni (32 municípios) com 83,73% de cobertura referente à primeira dose e 73,94% referente à segunda, no público feminino. Com relação aos homens, a unidade registrou 66,29% de cobertura da primeira dose e 48,61% da segunda.
A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SRS Teófilo Otoni, Andrea Souza Uzel Pereira, explica que a falta de informação sobre a importância da vacinação, o medo de reações adversas, a disseminação de notícias falsas, a limitação de acesso aos serviços de saúde são fatores que podem estar relacionados à baixa procura por esse imunizante nas salas de vacinas. “Tudo isso somado à baixa percepção de risco da doença, tanto por parte das famílias quanto dos profissionais de saúde”, pontua Andrea.
Há 18 meses, a médica B.C.A, de 38 anos, descobriu um câncer no colo do útero por meio do exame preventivo Papanicolau, numa consulta de rotina, mesmo não apresentando sintomas da doença. Precisou retirar o útero, parte da vagina e anexos (trompas e ovários e linfonodos) e por seis semanas fez quimioterapia e radioterapia. Atualmente, faz acompanhamento com oncologista e oncoginecologista trimestralmente. “Tinha sido vacinada em 2011 contra o HPV. Isso ajudou na minha evolução favorável. Vacinem-se e vacinem seus filhos! Faça preventivo e acompanhamento ginecológico de rotina! Assim você estará se protegendo e cuidando das gerações futuras”, enfatiza B.C.A.
Mas afinal, o que é o HPV?
HPV é a sigla para Human Papillomavirus, nacionalmente conhecida como Papilomavírus Humano. É um vírus que pode ocasionar verrugas genitais e diversos tipos de cânceres como o câncer de colo de útero, ânus, pênis e orofaringe, cuja transmissão acontece por meio das relações sexuais desprotegidas, podendo também ser transmitido de mãe para filho durante o parto.
A médica ginecologista, Alessandra Leal de Oliveira, explica que existem mais de 200 tipos de HPV e que pelo menos 14 deles podem causar cânceres. “Estima-se que mais de oitenta por cento das pessoas sexualmente ativas poderão contrair o HPV antes dos 45 anos”, pontua Alessandra Leal.
Os sintomas mais comuns são o surgimento de verrugas que apresentam aspectos similares ao de uma couve-flor, de tamanhos variados, na região genital, anal e na boca, desconforto, coceira e irritação no local da verruga. Alessandra alerta que algumas pessoas são assintomáticas, ou seja, não desenvolvem sintomas da doença, mas, permanecem transmitindo o vírus. “Nesses casos, em sua maioria, o vírus é eliminado espontaneamente pelo próprio sistema imunológico, manifestando apenas quando o sistema de defesa do organismo estiver mais fragilizado”, relata a médica ginecologista.
O diagnóstico da doença no SUS é feito pelo exame citopatológico, conhecido como papanicolau. Apesar de não ser capaz de diagnosticar a presença do vírus, esse exame ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer.
Sobre o tratamento
Não existem medicamentos que curem ou eliminem o vírus, mas há tratamentos para as lesões causadas por ele. O tratamento para o HPV pode incluir o uso de medicamentos tópicos (ou seja, aplicáveis sobre a superfície da pele), procedimentos para remover as verrugas, como crioterapia, laser ou cirurgia, e em casos de lesões de alto grau, pode ser necessária a cauterização do colo do útero.
Prevenção
A vacina contra o HPV é o método mais eficaz de prevenção ao câncer de colo de útero e a outros tipos de cânceres causados pelo HPV. A médica ginecologista, Alessandra Leal, reforça que a vacinação, educação para os jovens, uso adequado de preservativos (internos ou externos) e a avaliação médica regular são as melhores formas de se prevenir contra o HPV. “O HPV é um vírus prevenível, a vacina é segura e indicada antes do início da vida sexual, garantindo assim a sua eficácia”, pontua Alessandra.
Desde abril de 2024, a vacina passou a ser aplicada em uma única dose, em meninos e meninas de 9 a 14 anos; e, em três doses para pessoas de 9 a 45 anos nas seguintes condições: convivendo com HIV/Aids; pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia; transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea. As informações são da Assessoria de Comunicação da Polícia Civil de Minas Gerais.