Cultivar de capim apresenta bom desempenho ao anteceder a soja
Estudo realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste (MS) mostrou que o uso da cultivar de capim BRS Zuri antecedendo a soja é viável e pode trazer bons resultados em sistemas de integração-lavoura-pecuária (ILP). Isso é possível adotando-se uma estratégia de manejo adequada. Essa cultivar é conhecida pela elevada produção de forragem, alto valor nutritivo, resistência à cigarrinha-das-pastagens e à mancha das folhas, o que a torna interessante para a alimentação do gado. Por outro lado, essa forrageira necessita de manejo especial para que ela não permaneça no campo na hora de plantar a soja.
“As cultivares de Panicum max mais vigorosas, como as capins BRS Zuri, Mombaça e Miyagui, têm sido deixadas de lado pelo fato de serem mais tolerantes ao herbicida glifosato, por formarem touceiras e devido ao porte elevado, o que dificulta um pouco o plantio da cultura em sucessão”, completa o pesquisador da Embrapa Luís Armando Zago Machado .
Ele ressalta que esses capins são os mais produtivos, em condição de pastejo, capazes de produzir 40 arrobas de carcaça por hectare, por ano, quando em sistemas de integração laboral-pecuária. “Esse potencial de produção do capim BRS Zuri foi o que motivou estudar seu controle com herbicidas, já que, em sistemas integrados, a pecuária necessita ser muito lucrativa para aplicação de sua rotação com culturas anuais”, declara o cientista.
Quando o capim BRS Zuri foi avaliado nos ensaios de valor de cultivo e uso, ele foi mais produtivo que os capins Tanzânia e Mombaça, além de apresentar melhor valor nutricional que esse último. Ao ser avaliado em sistemas integrados, foi obtida uma produtividade de 20% a 40% maior que a braquiária. “Porém, os P. máximos são mais exigentes em adubação, para que expressem todo o seu potencial de produção, por isso eles vão tão bem nos sistemas de integração laboral-pecuária”, alerta Zago.
Resultados obtidos com a sobremesa do capim BRS Zuri
O uso de cultivares de P. máximo de porte alto como a BRS Zuri em sistemas integrados é bem sucedido quando as plantas são rebaixadas. Esse trabalho comprovou que o sucesso do controle químico consiste na aplicação de duas doses de herbicida sistêmico ou a primeira com sistêmico e a segunda de contato, antes do plantio da soja. A primeira aplicação deve ser realizada 12 a 14 dias antes do plantio da soja. A segunda aplicação pode ser feita de quatro a dez dias após a primeira, dependendo da dose e do produto aplicado. Essas duas aplicações foram eficientes para a sobremesa do capim. Foram utilizados os herbicidas sistêmicos (glifosato ou haloxifop) ou de contato (glufosinato) e ambos obtiveram resultados positivos.
O estudo comprovou que o controle do capim BRS Zuri com uso de herbicidas antes do plantio da soja é uma estratégia de manejo eficiente e que pode ser usada com segurança pelos produtores. “Com essa informação, é possível realizar o controle e diminuir o intervalo para posterior semeadura da soja”, diz Zago.
O capim BRS Zuri é mais uma espécie a ser empregada em sistemas de integração laboral-pecuária, possibilitando a diversificação das forrageiras, principalmente, com as do gênero Brachiaria ( B. ruziziensis e B. brizantha cv. Xaraés ), que são bastante cultivadas e apresentam características muito interessantes, segundo os pesquisadores. Eles recomendam manter alguns talhões com Brachiaria, já que elas são menos estacionais, ou seja, a redução na produção de forragem durante a seca é menor em Brachiaria , em relação ao Panicum .
Outro aspecto a ser considerado no estabelecimento do capim BRS Zuri em sucessão à soja é o percevejo barriga-verde, que é uma praga secundária da soja, mas pode inviabilizar o estabelecimento desse capim. Nesse caso, está sendo avaliado em outro projeto o controle dessa praga. Observe que a concentração de inseticida é pouco eficiente, já que a planta fica protegida sob a palha da soja. Os melhores resultados foram obtidos com o tratamento das sementes da forrageira.
Zago acrescenta que, no sistema ILP, o capim desempenha um papel fundamental na rotação de culturas e estruturando o solo, que pode contribuir para intensificar e gerar melhorias no ambiente de produção e, consequentemente, promover o aumento de produtividade nas atividades de soja de forma sustentável.
A BRS Zuri
Desenvolvida pela Embrapa e parceiros e lançada em 2014, a BRS Zuri é uma gramínea cespitosa, da espécie Panicum maximum , que deve ser manejada, preferencialmente, sob pastejo rotacionado, sendo considerada uma boa opção para diversificação de pastagens nos biomas Amazônia e Cerrado.
Os capins da espécie Panicum maximum são conhecidos como capim-colonião. É uma espécie de gramínea tropical muito utilizada como forrageira em sistemas agropecuários. É nativa de diversas regiões da África e tem sido divulgada em vários países de clima tropical devido à sua adaptabilidade e valor nutritivo para o gado.
Essa espécie de capim é valorizada devido à sua capacidade de crescimento vigoroso e rápido, tornando-se uma opção popular para a alimentação de bovinos, ovinos e outros animais de pastagem. Caracteriza-se por apresentar folhas largas e compridas, que formam densas touceiras, e suas sensações são dispersas pelo vento. A planta possui uma alta tolerância ao pastejo e consegue se recuperar bem após ser cortada ou consumida pelo gado. Com informações da Embrapa.