Restrição de celulares em sala de aula aumenta foco de 80% dos estudantes

Uma pesquisa recente, que consultou alunos, professores e gestores escolares, indica que a limitação do uso de telefones celulares durante as aulas está gerando um impacto positivo significativo no ambiente de aprendizado no Brasil. O levantamento revela que mais de 80% dos estudantes relatam estar mais concentrados em sala após a implementação da restrição.

A pesquisa foi conduzida pela Frente Parlamentar Mista da Educação em parceria com a Equidade.info, uma iniciativa ligada ao Lemann Center da Stanford Graduate School of Education. No total, foram ouvidos 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores de escolas públicas (municipais e estaduais) e privadas, em todas as regiões do país, entre maio e julho de 2025.

Maior atenção em idades iniciais
A percepção de melhora na concentração é particularmente alta entre os mais jovens. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, 88% dos estudantes afirmam ter notado um aumento no foco. Embora a mudança seja menor no Ensino Médio, ainda é expressiva, com 70% dos alunos relatando uma percepção de melhoria sem os dispositivos móveis.

O presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, deputado Rafael Brito, comentou que a medida visa proteger os alunos e garantir um ambiente mais propício ao aprendizado. “O resultado que vemos hoje é a confirmação de que a educação precisa ser prioridade, com políticas que cuidem do presente e preparem o futuro dos nossos jovens”, declarou.

Diminuição do bullying virtual e desafios regionais
Outro dado relevante do estudo aponta para uma redução no bullying virtual. A maioria dos gestores (77%) e dos professores (65%) observou essa queda dentro do ambiente escolar. Contudo, essa percepção é menor entre os próprios alunos, com apenas 41% afirmando sentir a mudança, sugerindo que parte dos conflitos pode não estar sendo reportada ou notada pelos adultos.

No que diz respeito à mudança de comportamento dos alunos, a região Nordeste se destaca, com 87% de avanços observados. Já as regiões Centro-Oeste e Sudeste registraram o menor índice de melhora no ambiente escolar (82%), indicando que a eficácia da medida pode variar de acordo com fatores regionais.

Crescimento do tédio e ansiedade
Apesar dos benefícios no foco e na redução do bullying, o levantamento também trouxe à tona novos desafios. Cerca de 44% dos estudantes relataram sentir mais tédio durante os intervalos e recreios, com o percentual mais alto entre alunos do Ensino Fundamental I (47%).

Além disso, 49% dos professores relataram um aumento da ansiedade entre os alunos devido à ausência do uso do celular.

Claudia Costin, presidente da Equidade.info, reconhece os avanços na atenção dos estudantes, mas enfatiza que questões como o tédio, a ansiedade e o bullying ainda precisam de atenção. “A restrição foi positiva, mas sozinha não basta: as escolas precisam criar alternativas de interação e estratégias específicas para cada idade”, avalia.

Necessidade de estratégias pedagógicas e sociais
O coordenador do Equidade.info e docente da Stanford Graduate School of Education, Guilherme Lichand, reforça que os resultados confirmam o ganho no aprendizado, mas apontam a necessidade de ir além da simples limitação do aparelho. Segundo ele, a lei abre espaço para que a escola repense como se conecta com os alunos, exigindo o desenvolvimento de práticas pedagógicas que mantenham os estudantes engajados e promovam o bem-estar mesmo sem o dispositivo em sala de aula.

A lei que regulamenta e proíbe o uso de celular pelos alunos nas escolas brasileiras foi sancionada em janeiro de 2025, após aprovação no Congresso Nacional. Com informações da Agência Brasil

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