Especialistas alertam que Ataque Isquêmico Transitório pode evoluir para AVC

Responsável pela capacidade racional, sensitiva e motora do corpo humano, o cérebro também precisa de cuidados especiais. E quando o assunto é a saúde da “central de comando” do ser humano, especialistas defendem a importância de ficar atento a sinais de alerta e a buscar assistência médica para diagnóstico prévio.

Dentre os problemas mais comuns está o Ataque Isquêmico Transitório (AIT), quando uma artéria cerebral entope ou se rompe provocando um déficit neurológico. Diferente do Acidente Vascular Cerebral (AVC), o ataque isquêmico transitório apresenta sintomas e a recuperação completa dura menos de 1 hora, sem deixar lesões permanentes.

Ainda que a doença tenha aparente baixa gravidade, o ataque isquêmico acende um alerta e precisa ser avaliado por um médico. Professor de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo (USP) e secretário da Sociedade Brasileira do Acidente de AVC, João Brainer Clares de Andrade explica que o AIT não causa alterações definitivas no cérebro.

“A área que ficou acometida não sofre, permanentemente, com aquela falta de sangue. Daí o principal motivo para os pacientes não ficarem com sequelas pós-AIT”, destaca. A explicação, segundo o professor, está no engenhoso aparato de defesa do organismo que tem a capacidade de evitar a formação de trombos.

“O AVC é formado quando os trombos de sangue sobem até a circulação sanguínea cerebral, alcançam uma artéria e entopem uma área de circulação, causando isquemia e morte daquela área cerebral. Formamos esses trombos o tempo todo naturalmente. Mas quando perdemos essa batalha e as enzimas não conseguem destruir essas formações, temos o AIT, ou o AVC, que é quando esse coágulo chega ao cérebro e causa a obstrução”, detalha.

O alerta do professor de neurologia é que a repetição de AIT pode levar ao AVC já que ambos ocorrem pelas mesmas causas. “Tanto que a prevenção é a mesma. Hoje, sabemos que 70% dos AVCs são de causas evitáveis e não estão relacionadas à genética ou condições congênitas, como alteração no funcionamento do coração”, informa.

Como prevenir
Membro da Sociedade Brasileira do Acidente de AVC, João Brainer esclarece que os cuidados passam por medidas simples que podem ser adotadas no dia a dia, como:

Praticar atividades físicas;
Adotar uma alimentação saudável;
Controlar a hipertensão arterial e o diabetes;
Evitar o sedentarismo;
Evitar o consumo de ultraprocessados; e
Abandonar o tabagismo.

“É recomendado que a pessoa busque uma dieta baseada mais em peixes e vegetais, retire o consumo exagerado de carboidratos da dieta e o excesso de carne vermelha, e faça checagens anuais para avaliar o ritmo do coração, porque arritmias com fibrilação atrial são relacionadas à origem do AVC”, explica.

Pacientes acima de 50 anos devem ficar atentos às recomendações do neurologista e qualquer pessoa, em caso de sintomas, deve procurar atendimento médico.

Vale lembrar que desde 12 de abril de 2012, a Portaria n° 655, do Ministério da Saúde, estabelece critérios de habilitação de Centros de Atendimento de Urgência aos Pacientes com Acidentes Vascular Cerebral (AVC), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

A medida prevê realização de tomografia computadorizada, se necessário; equipe treinada em urgência para atendimento aos pacientes com AVC; protocolos clínicos e assistenciais escritos; leitos monitorados para o atendimento ao AVC agudo, além de outras orientações.

“O AIT pode de fato virar um AVC quando o nosso corpo não consegue destruir os trombos. A lesão permanente pode ser debilitante, desde a dificuldade de visão, fala, compreensão e emissão de palavras, a movimentação do corpo, equilíbrio e sensibilidade. Há pessoas que ficam com uma perda de sensibilidade no braço e outras que ficam acamadas, de acordo com a localização do AVC, o tamanho da área atingida e características pregressas dos pacientes”, ressalta.

Sintomas
Vale lembrar que, mesmo que os sintomas passem, é importante a avaliação médica em caso de suspeita de AIT ou AVC. Os sintomas mais comuns são:

Perda de sensibilidade em alguma parte do corpo;
Enjoo;
Fala enrolada;
Dificuldade de expressão;
Incontinência urinária;
Desequilíbrio;
Paralisia das pernas ou braços;
Visão turva; e
Desmaio
Com informações do Ministério da Saúde

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