Na microrregião de Pará de Minas produtores rurais dependem da água do Paraopeba para o gado e cultivo de hortas

A tragédia causada pelo rompimento da barragem da mineradora Vale no município de Brumadinho na tarde de 25 de janeiro abriu uma ferida que pode levar décadas para cicatrizar nos municípios atingidos. Quanto ao rio Paraopeba está é uma certeza para representantes dos órgãos ambientais.

As famílias contam centenas de pessoas que perderam a vida neste desastre. Apesar de todo o esforço do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), com apoio de outras corporações e até das Forças de Defesa de Israel, será muito difícil conseguir resgatar todas as vítimas tragadas pelo lamaçal da Vale.

Os danos ambientais são incalculáveis. Ambientalistas realizam testes e cravam que a Vale matou o rio Paraopeba no trecho de Brumadinho a Pará de Minas, por enquanto. Isso porque os rejeitos podem chegar até a bacia do rio São Francisco.

Dezenas de municípios captam água no rio Paraopeba para tratar e abastecer seus habitantes nas áreas urbanas. Esse é o caso de Pará de Minas que suspendeu a captação no distrito de Córrego do Barro na noite de 29 de janeiro. Para construir essa adutora e concessionária Águas de Pará de Minas investiu mais de R$ 40 milhões e agora não pode usá-la porque o desastre de responsabilidade da Vale contaminou a água do Paraopeba. Não se sabe quando essa captação poderá ser retomada devido ao alto índice de metais pesados na água.

A situação também é preocupante para as administrações municipais e Governo do Estado de Minas Gerais em relação aos moradores das comunidades rurais que dependem da água do rio Paraopeba para suas subsistências e estão proibidos de utilizá-las após laudos atestarem que a água oferece riscos a saúde humana e animal.

Como nesta região central de Minas Gerais a atividade agropecuária é muito forte, os prejuízos são incalculáveis. A dor de cabeça dos proprietários rurais aumenta a cada dia, assim como as dúvidas.

Alguns questionam como fazer para o gado beber água? Outros perguntam como fazer para irrigar suas plantações? Pensando nesses e outros ribeirinhos as equipes do IMA e da Emater-MG estão percorrendo os municípios atingidos.

A médica-veterinária e fiscal agropecuária do IMA em Pará de Minas, Nayara Paula de Almeida, afirma que esse trabalho está sendo realizado na microrregião em parceria com os técnicos da Emater-MG. As equipes se dividiram para visitar as propriedades rurais e orientar os produtores:


Nayara Paula de Almeida
nayaraparaopeba1

Na microrregião de Pará de Minas já constataram que as principais atividades são a bovinocultura e a plantação de hortaliças. A boa notícia é que a maioria dos proprietários rurais tem fontes alternativas de água, como poços artesianos:

Nayara Paula de Almeida
nayaraparaopeba2

A preocupação dos técnicos do IMA é com as toxinas que contaminam a água do rio Paraopeba. A lama da Vale jogou no manancial muitos animais e pessoas mortas também foram resgatadas do leito do rio:

Nayara Paula de Almeida
nayaraparaopeba3

O Governo de Minas Gerais determinou que seja feito um levantamento sobre o número de produtores rurais e das áreas de atividades agropecuárias prejudicados pelo rompimento da barragem da Vale.

Além de Brumadinho, onde ocorreu o desastre, os técnicos visitarão as propriedades rurais dos municípios que ficam no trecho onde os rejeitos da barragem possam atingir a água do rio Paraopeba: Betim, Cachoeira da Prata, Caetanópolis, Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Igarapé, Inhaúma, Juatuba, Maravilhas, Mário Campos, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba, Pequi, Pompeu, São Joaquim de Bicas e São José da Varginha.

A Emater-MG também realizará um levantamento dos produtores atingidos que obtiveram crédito rural junto a agentes financeiros. Dependendo da necessidade, a secretaria de Agricultura poderá solicitar aos bancos uma prorrogação do pagamento pelos produtores rurais.

Posteriormente, será elaborado um plano de retomada da atividade agropecuária da região atingida. Para isso, a Epamig irá propor um trabalho de análise de solo junto com a Embrapa Solos.

Portal GRNEWS © Todos os direitos reservados.

PUBLICIDADE
[wp_bannerize_pro id="valenoticias"]
Don`t copy text!