Casos de ansiedade infantil disparam no Brasil e acendem alerta para o equilíbrio emocional

O Brasil ocupa a liderança global em número de pessoas que convivem com a ansiedade. No entanto, o nervosismo, o medo e as preocupações descontroladas não são exclusivos dos adultos. O problema tem crescido drasticamente entre os mais jovens, conforme demonstram dados alarmantes do Ministério da Saúde.

Em um período de dez anos, os atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram 1.575% na faixa etária de 10 a 14 anos. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos, o salto foi ainda maior, superando os 3.300%. O número de casos nesse grupo passou de 1.534, em 2014, para 53.514, em 2024.

Excesso digital e a perda da tolerância à frustração
O aumento da ansiedade na infância e adolescência está diretamente ligado às profundas modificações na maneira como as crianças interagem com o mundo. A psicóloga Alexia Soares Montingelli Lopes, professora do UniCuritiba, explica que a causa é multifatorial, mas um fator agravante é a exposição constante a conteúdos rápidos que oferecem respostas e recompensas imediatas.

“Esse tipo de estímulo, comum nas redes sociais e plataformas digitais, contribui para a redução da tolerância à espera e da capacidade de lidar com frustrações”, detalha a especialista.

O ritmo veloz de informações e emoções do ambiente digital interfere negativamente nas habilidades cognitivas e socioemocionais das crianças. Esse fluxo contínuo de estímulos as mantém em um estado de alerta constante e as torna mais sensíveis à frustração. O resultado é a dificuldade de se concentrar, de brincar livremente e de conviver com o tédio – aspectos essenciais para um desenvolvimento psicológico sadio.

O que acontece no cérebro: cortisol e dopamina
A saúde emocional infantil depende, em grande parte, do balanço entre dois componentes neuroquímicos essenciais: o cortisol e a dopamina.

O cortisol, conhecido como hormônio do estresse, é produzido em momentos de pressão e auxilia o organismo a reagir a desafios. Contudo, seu excesso é devastador. “Quando o cortisol está constantemente elevado, a criança pode manifestar distúrbios do sono, lapsos de memória e até dificuldades de aprendizado e comportamento”, adverte a biomédica Yasmin Carla Figueiredo, coordenadora do curso de Biomedicina do UniCuritiba.

Já a dopamina é o neurotransmissor da motivação e do prazer, impulsionando a sensação de conquista. Em níveis equilibrados, ela estimula o engajamento social e escolar. No entanto, seu desequilíbrio pode levar à apatia, desmotivação ou impulsividade.

Na biomedicina, a relação entre esses dois elementos é chamada de “equilíbrio cortisol-dopamina”. A combinação de cortisol adequado e dopamina suficiente forma uma criança curiosa, resiliente e emocionalmente estável. O perigo surge quando o cortisol está alto e a dopamina está baixa, o que eleva o risco de ansiedade, tristeza, isolamento social e baixo rendimento escolar.

A contribuição da biomedicina preventiva
A biomédica Yasmin Carla Figueiredo explica que a biomedicina preventiva pode atuar no monitoramento do chamado equilíbrio cortisol-dopamina. Através de exames de sangue simples, é possível acompanhar esses biomarcadores, permitindo que os desequilíbrios hormonais sejam detectados precocemente e medidas preventivas sejam adotadas antes que se transformem em doenças mentais crônicas.

Além do acompanhamento clínico, a prevenção se apoia em estratégias de rotina importantes para o desenvolvimento saudável:
Horários de sono regulares;

Limite no tempo de exposição a telas;

Prática de atividades físicas e esportes;

Alimentação balanceada;

Estímulos lúdicos, como interações sociais reais e brincadeiras ao ar livre.

“Por muito tempo, acreditamos que a infância era uma fase naturalmente imune ao estresse. Hoje, a ciência mostra o contrário: o cérebro infantil é altamente sensível aos desequilíbrios emocionais e neuroquímicos”, alerta a biomédica.

A psicóloga Alexia S. M. Lopes complementa que as crianças precisam de presença dos cuidadores, mais do que apenas presentes. Momentos de afeto, convivência e brincadeiras sem pressa ajudam a desacelerar o ritmo cotidiano e fortalecem o vínculo emocional. “Se o presente vier acompanhado de carinho, como pais ou responsáveis brincando junto, participando daquele momento, ele se torna muito mais significativo e contribui para o bem-estar emocional”, finaliza. Com informações da Assessoria de Comunicação do UniCuritiba

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