Estudo aponta que vacina de herpes-zóster pode prevenir doenças do coração

Um estudo internacional sugere que a vacina contra herpes-zóster, popularmente conhecida como cobreiro, pode ter um benefício adicional surpreendente: a redução do risco de doenças cardiovasculares graves, como o acidente vascular cerebral (AVC). A pesquisa, apresentada no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia de 2025, em Madri, indica que adultos imunizados podem ter uma queda significativa na incidência desses eventos.

A revisão sistemática e meta-análise, liderada pelo médico Charles Williams, da biofarmacêutica GSK, analisou 19 estudos e observou uma redução de 18% no risco de doenças cardiovasculares em pessoas de 18 a 50 anos vacinadas, e de 16% naquelas com mais de 50 anos. A hipótese é que a vacina, ao combater o vírus, também previne a inflamação dos vasos sanguíneos, que pode ser desencadeada pela reativação do agente infeccioso.

Evidências crescentes e cautela
Apesar dos resultados promissores, o autor do estudo, Charles Williams, e o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, reforçam a necessidade de mais pesquisas para confirmar essa associação. “É preciso separar esses fatores que podem confundir, como a obesidade, hipertensão, diabetes, para que a gente entenda, realmente, o papel da vacina nessa prevenção”, explica Kfouri.

O infectologista brasileiro ressalta que essa relação entre vacinação e redução de problemas cardíacos já tem sido observada em outros imunizantes, como a vacina contra a gripe. Ambas as infecções virais podem desencadear eventos cardiovasculares, e a prevenção da doença pode, consequentemente, diminuir os riscos associados.

Situação da vacina no Brasil
No Brasil, a vacina contra o herpes-zóster está disponível apenas na rede privada, com um custo elevado que pode chegar a R$ 2 mil pelo esquema completo de duas doses. Em abril, o Ministério da Saúde solicitou uma avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) para analisar a possível inclusão do imunizante no calendário vacinal público, mas o parecer técnico ainda não foi divulgado.

A doença é causada pelo mesmo vírus da catapora, que pode se reativar em adultos, especialmente em pessoas com mais de 50 anos ou com o sistema imunológico comprometido. Além da erupção cutânea dolorosa, a herpes-zóster pode causar complicações graves, como a perda de visão e a neuralgia pós-herpética, uma dor crônica que impacta significativamente a qualidade de vida. Com informações da Agência Brasil