Pesquisa aprimora a qualidade de queijos artesanais em MG e monitoramento impulsiona renda dos produtores

Um projeto de pesquisa conduzido pelo Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), tem sido fundamental para o desenvolvimento e a melhoria dos queijos artesanais em quatro importantes regiões mineiras: Alagoa, Mantiqueira, Serras de Ibitipoca e Campo das Vertentes.

A iniciativa, denominada “Monitoramento da qualidade de queijos artesanais de Minas Gerais e capacitação de técnicos e produtores visando agregação de valor e competitividade”, foi aprovada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) (PPE 00037/21) e está em vigor desde 2022. Atualmente, o projeto beneficia 91 queijarias.

Junio de Paula, pesquisador, professor da Epamig ILCT e coordenador do projeto, explica que o trabalho “busca aproximar pesquisadores e produtores em uma interface entre pesquisa e extensão”. A pesquisadora bolsista Alessandra Salimena complementa, destacando a criação de vínculos: “Estabelecemos uma relação de confiança com esses produtores”.

O projeto abrange todas as etapas do processo produtivo, desde a coleta de amostras de leite, queijo, soro-fermento, água e salmoura, até a realização de análises físico-químicas, microbiológicas e instrumentais. Além disso, são aplicados questionários para identificar as demandas dos produtores, propostas melhorias e adequações, e realizadas reavaliações após a implementação das sugestões. O trabalho inclui ainda publicações e treinamentos para produtores, técnicos e extensionistas.

“Os produtos já são bons e propomos aprimorá-los sem alterar as propriedades únicas dos queijos artesanais mineiros. Pelo projeto, o produtor obtém, gratuitamente, o laudo de cada item analisado, junto com detalhamentos e indicações do que pode ser melhorado, além de formas para aumentar a rentabilidade e reduzir os defeitos e as perdas”, afirma Junio de Paula.

Impacto direto: valorização e reconhecimento no mercado
Os resultados do projeto já são percebidos pelos participantes. A pesquisadora bolsista Letícia Scaffuto informa que “temos recebido retornos de produtores sobre o aumento na procura e no preço de venda dos queijos”.

Um exemplo concreto do sucesso é o produtor Jayme Porfírio Mendes, de Alagoa. Ele foi vencedor da medalha Super Ouro no Concurso Internacional da ExpoQueijo 2025, e sua conquista foi impulsionada pelos resultados das análises da sua queijaria e o apoio da equipe do projeto, que o ajudaram a obter a certificação Selo Arte para sua produção. “A pesquisa tem sido muito importante para nos dar uma noção do que precisamos melhorar. Com a aplicação dos resultados, melhoramos o jeito de lavar a ordenha e o controle do cloro na água”, relata Mendes.

Outro caso de sucesso é o de Maria Elisa de Almeida, de Lima Duarte, que em 2024 conquistou a medalha Super Ouro no 3º Mundial do Queijo do Brasil, em São Paulo, com o seu requeijão em barra Lírio Branco. Esse requeijão foi produzido a partir de uma estratégia sugerida pela Epamig ILCT para reduzir as perdas na produção.

“A gente se sente parte desses prêmios, porque fizemos as análises e despertamos nesses produtores a consciência sobre cada aspecto do produto deles. É um trabalho coletivo que envolve ainda a extensão rural: Emater-MG e Senar, as universidades parceiras nas análises laboratoriais, os Serviços de Inspeção Municipal, as associações de produtores”, conclui Junio de Paula, reforçando a importância da colaboração. Com informações da Agência Minas

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