Híbrido de sorgo granífero: uma nova fronteira para a produtividade agrícola brasileira

A Embrapa Milho e Sorgo (MG) e a empresa Latina Seeds estão lançando o híbrido de sorgo granífero BRS 3002, comercializado sob o nome LAS3004G. Essa nova cultivar se destaca por sua precocidade e notável estabilidade de produção, especialmente em plantios de segunda safra, oferecendo maior segurança aos produtores. Com um potencial de produtividade que ultrapassa 6 toneladas por hectare, o BRS 3002 supera a média nacional e promete impulsionar a cultura do sorgo no país.

O novo sorgo é recomendado para as regiões já consolidadas no cultivo da cultura, incluindo o Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), o Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí) e o Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo).

“Além do nível de rendimento, que garante sua competitividade no mercado, o BRS 3002 (LAS3004G) apresenta boa sanidade em relação às doenças antracnose, helmintosporiose e cercosporiose”, pontua o pesquisador Cícero Menezes. O uso de cultivares mais resistentes é o método mais eficiente para o controle de doenças, pois alia vantagens econômicas e seletividade, sem deixar resíduos nocivos ao ambiente e ao produto, contribuindo assim para a sustentabilidade da produção.

Menezes ressalta, ainda, a altura média da planta, que é de 130 centímetros, e a coloração vermelha dos grãos.

Expansão comercial e novos horizontes para o sorgo
A Embrapa e a Latina Seeds já mantêm uma parceria consolidada em diversas frentes voltadas ao desenvolvimento de novos produtos para o mercado agrícola. O lançamento da nova cultivar de sorgo é mais um resultado dessa colaboração. De acordo com Willian Sawa, sócio-proprietário da Latina Seeds, “o híbrido de sorgo granífero visa atender a um mercado que busca estabilidade e segurança em sua produção. O sorgo por si só já é valente frente às adversidades de clima e pragas, mas esse híbrido, em especial, tem características que o produtor procura no que se refere à precocidade e à estabilidade produtiva”, enfatiza.

Sawa afirma que, tradicionalmente, os sorgos graníferos têm sido utilizados pela indústria de ração. No entanto, com essa nova cultivar, uma nova frente se abre com a utilização do grão de sorgo para a produção de etanol e DDG (Dried Distillers Grains) e WDG (Wet Distillers Grains), que são coprodutos da produção desse biocombustível, obtidos a partir da fermentação de grãos. “Esse novo nicho ganha força em regiões onde o milho tem uma janela limitada de plantio, como nos estados de Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia, Alagoas e Sergipe. Considerando a precocidade e a estabilidade da BRS 3002 (LAS3004G), a expectativa é que tenha boa aceitabilidade”, complementa.

Sawa informa, ainda, que foram estabelecidas áreas pré-comerciais desse híbrido desde o Rio Grande do Sul ao Maranhão e de Rondônia ao Alagoas, e os resultados comprovam sua ampla adaptabilidade e estabilidade.

“A BRS 3002 (LAS3004G) será comercializada em embalagens de 500 mil sementes. A recomendação por hectare é de 200 a 220 mil sementes, dependendo da região, época e investimento, ou seja, com uma saca será possível plantar de 2,27 a 2,5 hectares”, explica Sawa. As sementes chegarão ao setor produtivo após receberem um Tratamento de Sementes Industrial (TSI), um processo que as protege antes do plantio, incluindo o antídoto para aplicação do herbicida S-Metalacloro. “Isso significa que estaremos oferecendo ao mercado materiais com genética de alto potencial, associada às melhores tecnologias disponíveis no mercado”, diz.

O produtor e parceiro da Latina Seeds Darlan Niedermeyer, sediado em Palotina, no Paraná, e que além de produtor nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, também atua como consultor na região, relata suas experiências com o BRS 3002 (LAS3004G) nas últimas safras.

“O que eu mais gostei na cultivar é a precocidade e a estabilidade. É um material de ciclo precoce para a nossa região, com 120 dias para o ponto de colheita. Conseguimos colher uma área plantada com esse tempo. Vimos que ele não apresentou manchas e aguentou bem a seca no Oeste do Paraná e no Sul do Mato Grosso do Sul. O híbrido se comportou bem nas primeiras áreas vizinhas, possibilitando uma colheita de 100 sacas por hectare. Isso mostra que tem potencial e adaptabilidade para as áreas diversas. Quanto à sanidade, aparentemente, parece bem robusta”, relata Niedermeyer.

O consultor Paulo Ferreira, de Naviraí (MS), ficou admirado com a recuperação desse sorgo após passar por um período de estresse abiótico. “É um material que mesmo em situações extremas entrega seu potencial produtivo e adapta-se muito ao clima e ao tipo de solo que temos. Passamos por um calor intenso e o material está bonito e verde. Mesmo com a estiagem entregou acima de 50 sacos por hectare”, diz Ferreira.

O sorgo no contexto nacional e global: um cereal em ascensão
O sorgo é o quinto cereal mais cultivado no mundo, ficando atrás apenas do milho, trigo, arroz e cevada. Nos últimos anos, a cultura tem se expandido significativamente no Brasil, posicionando o país entre os cinco maiores produtores globais do grão. “Essa expansão nas últimas safras, principalmente na safrinha, se deve a dois fatores principais: a demanda de mercado por bioetanol e ração, e as instabilidades climáticas da segunda safra. O sorgo é mais tolerante à seca e possui maior janela de plantio no cultivo da segunda safra”, considera o engenheiro agrônomo da Embrapa Frederico Botelho.

Nas últimas safras, a área nacional de sorgo aumentou consideravelmente, passando de 864,6 mil hectares na safra 2020/21 para 1,46 milhão de hectares na safra 2023/24. Esse crescimento ocorreu tanto em áreas já consolidadas, como Goiás e Minas Gerais, quanto em novas regiões pouco tradicionais para a cultura, como Matopiba, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Paraná.

O sorgo possui diversos usos, sendo o mais comum no Brasil a alimentação animal, podendo substituir o milho em 100% nas rações de aves, suínos e bovinos. No entanto, seu uso tem se expandido para a alimentação humana, a geração de bioenergia e biocombustível. Com informações da Embrapa

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