Protesto no Rio contra a operação policial e o elevado número de mortes
Moradores das comunidades do Complexo do Alemão e da Penha foram às ruas ontem (29) para protestar em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual do Rio de Janeiro. O ato foi motivado pela recente e letal operação policial que, segundo os manifestantes, resultou em mais de 100 mortes nas comunidades.
Culpas e acusações diretas ao governador
O governador Claudio Castro foi o principal alvo das críticas. Os manifestantes o acusaram de ser o responsável por uma “carnificina”, alegando que a operação foi um genocídio e uma estratégia de “guerra política” realizada às vésperas de uma eleição.
O grupo, escoltado por policiais do Batalhão Tático Móvel da Polícia Militar desde o Complexo da Penha, carregava diversos cartazes com mensagens fortes como “Estado genocida”, “Castro assassino” e “150 mortes por uma guerra política”. Dezenas de bandeiras do Brasil, manchadas de vermelho, também foram exibidas durante o ato.
Rute Sales, ativista e moradora da região, destacou a indignação. “Não é possível que esse governador não seja responsabilizado por tantas vidas. O que aconteceu dentro da comunidade foi um genocídio. Toda véspera de eleição, tem uma estratégia de entrar nas nossas comunidades, matar o nosso povo e causar o terror”, afirmou.
Outros moradores presentes complementaram a denúncia, ressaltando que os corpos das vítimas estão sendo usados politicamente. “E os corpos que tombam são os nossos, do povo preto e do povo pobre. Não aguentamos mais”, desabafou um deles.
Reunião de emergência e reforço federal
O protesto ocorreu momentos antes de um encontro do governador Castro com o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. A reunião resultou no anúncio da criação de um escritório emergencial com o objetivo de combater o crime organizado e aprimorar a integração entre as forças federais e estaduais.
A coordenação desse escritório será uma parceria entre Mario Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública, e Victor Santos, secretário de Segurança Pública do Rio.
Lewandowski informou que o governo federal irá reforçar a segurança no estado, aumentando em 50 o número de agentes da Polícia Rodoviária Federal nas estradas e elevando o efetivo de agentes de inteligência. Além disso, o governo federal colocou à disposição do Rio peritos e vagas em presídios de segurança máxima.
Governador classifica operação como “sucesso”
Apesar do alto número de óbitos civis, do cenário de caos na cidade e das denúncias de execuções e torturas feitas pelos moradores do Alemão e da Penha, o governador Claudio Castro defendeu a ação policial.
O governador classificou a operação como um “sucesso” e afirmou ter imposto um “duro golpe na criminalidade”. Ele negou qualquer precipitação por parte das forças de segurança, alegando que as únicas vítimas dos confrontos foram os quatro policiais mortos. Com informações da Agência Brasil


