Rio Paraopeba continua sem alterações; prefeito e concessionária reafirmam que não faltará água

A preocupação com a possibilidade de suspensão da captação de água no rio Paraopeba continua incomodando os quase 100 mil habitantes de Pará de Minas.

A concessionária Águas de Pará de Minas investiu mais de R$ 40 milhões para construir uma adutora e captar água no distrito de Córrego do Barro, distante 28 quilômetros da área urbana do município, para resolver de vez a falta de abastecimento na cidade. Com o rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, o fantasma do racionamento de água voltou a assombrar os paraminenses.

Equipes da Águas de Pará de Minas monitoram a turbidez da água do rio Paraopeba dia e noite. A cada 15 minutos os técnicos coletam amostra da água e realizam testes para saber como está a qualidade do líquido captado para abastecer a cidade. Caso contate alguma alteração, a captação será suspensa imediatamente.

Desde a noite de sexta-feira (25), data da tragédia em Brumadinho, os engenheiros da Vale estão em contato frequente com a equipe da Águas de Pará de Minas e prometeu instalar uma membrana para conter os rejeitos antes da captação da concessionária em Córrego do Barro.

Nesta quinta-feira (30) a Vale apresentou ao Ministério Público e aos órgãos ambientais o plano para conter os rejeitos que vazaram da barragem I, da Mina de Córrego do Feijão. A área impactada foi dividida em três trechos, onde serão realizadas diferentes medidas de contenção e recuperação.

De acordo com a mineradora, neste plano consta que com 10 quilômetros de extensão, o trecho 1 considera o entorno da barragem. Neste local, serão construídos diques, com o objetivo de buscar reter os rejeitos grossos e pesados, possibilitando a reabilitação da área. O trecho 2, no rio Paraopeba, entre Brumadinho e a cidade de Juatuba, tem aproximadamente 30 quilômetros. É a região onde está concentrado o material fino (silte e argila), que será dragado e acondicionado para destinação adequada.

Acrescenta que o trecho 3, entre Juatuba e a Usina de Retiro Baixo, é o de maior extensão, com 170 quilômetros. Esse trecho tem o potencial de receber os sedimentos ultrafinos e, segundo os técnicos, serão realizadas diferentes ações conforme as características do curso d’água e o do material presente no rio.

A Vale também disse ao MP e aos órgãos ambientais que barreiras de retenção serão instaladas ao longo desse trecho do rio Paraopeba. A técnica utiliza uma membrana no leito do rio, que tem como objetivo buscar reter os sedimentos. Existe a possibilidade de usar floculante, produto químico usado para aglutinar os finos e, assim, facilitar a retirada do material do rio, mas ação depende da aprovação dos órgãos ambientais.

Com esta ação a Vale pretende proteger o sistema de captação de água de Pará de Minas, no rio Paraopeba, com três barreiras de retenção. São 115 quilômetros de distância entre a captação do município e a barragem 1, que se rompeu.

Enquanto a Vale promete instalar esta membrana como barreira de contenção para proteger a captação no rio Paraopeba em Córrego do Barro para não prejudicar o abastecimento no município, o prefeito Elias Diniz (PSD), o superintendente da Águas de Pará de Minas Thiago Contage Damaceno, representantes da Agência Reguladora dos Serviços de Água e Esgoto de Pará de Minas (ARSAP), além de equipes da Vigilância Sanitária municipal e regional estiveram no local da captação na tarde desta quinta (30).

Águas de Pará de Minas/Divulgação

Ao verificar o trabalho de monitoramento que está sendo realizado pela equipe da Águas de Pará de Minas, Elias Diniz se mostra confiante que a empresa continuará abastecendo a população paraminense mesmo que tenha que suspender a captação no rio Paraopeba. Para ele o cenário é positivo porque a pluma de turbidez que teve um pico na cidade de Mário Campos vem se dissipando:

Elias Diniz
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Todos os relatórios estão sendo apresentados diariamente à prefeitura pela concessionária Águas de Pará de Minas, pela Agência Nacional de Águas (ANA) e Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM).

Até o momento nenhuma alteração na água que está sendo captada. Por isso, o prefeito alerta que ninguém precisa se preocupar com o abastecimento e acumular água desnecessariamente contribuindo para o surgimento de focos do mosquito transmissor da Dengue:

Elias Diniz
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A gestão municipal está preocupada com a qualidade da água que abastece a área urbana de Pará de Minas, mas também com os moradores das comunidades rurais que utilizam a água do rio Paraopeba em suas propriedades:

Elias Diniz
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A instalação da membrana de contenção prometida pela Vale foi adiada e sofreu atrasos. Quanto a isso o prefeito argumenta que a operação será realizada pela equipe da mineradora. Mas por enquanto está tranquilo, pois, a pluma de turbidez ainda está longe da captação de Pará de Minas:

Elias Diniz
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O superintendente da Águas de Pará de Minas Thiago Contage Damaceno também reitera que esse processo de instalação da membrana de contenção está sendo coordenado inteiramente pela equipe da Vale. Acrescenta que desde o anúncio do rompimento da barragem em Brumadinho e a possibilidade de a captação de Córrego do Barro ser afetada, a concessionária elaborou seu plano de ação para garantir o abastecimento da população paraminense com ou sem a água do rio Paraopeba:

Águas de Pará de Minas/Divulgação

Thiago Contage Damaceno
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Por volta das 22 horas desta quinta (30) a assessoria de comunicação da Águas de Pará de Minas emitiu nova nota informando que ainda não foram identificadas alterações nos padrões de qualidade da água bruta na captação do Sistema de Abastecimento Paraopeba, no distrito de Córrego do Barro, em Pará de Minas.

A nota diz também que nesta tarde, estiveram no local a Agência Reguladora dos Serviços de Água e Esgoto de Pará de Minas (ARSAP) e a Vigilância Sanitária, municipal e regional, para realizar novas análises e assegurar a qualidade da água distribuída à população. A Águas de Pará de Minas ressalta que seu monitoramento permanece intensificado e que, se detectada alterações nos padrões, a concessionária não utilizará água bruta do rio Paraopeba, até que se tenha absoluta certeza das condições de segurança.

Acrescenta que o Sistema de Abastecimento Paraopeba foi construído para manter as condições plenas de abastecimento de água da cidade, principalmente no período de estiagem. Contudo, é importante lembrar que a cidade também dispõe das captações a partir do ribeirão Paciência e córrego dos Paivas, além de poços profundos.

A concessionária, mais uma vez, reafirma a sua posição de que não há possibilidade de distribuir água fora dos padrões de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde. Em caso de dúvida, entre em contato pelo 0800 737 0422.

Por sua vez, a mineradora Vale também informa nesta quinta (30) que ao longo do rio Paraopeba até a foz do rio São Francisco, foram instalados 45 pontos de monitoramento, com coletas diárias de água e de sedimentos para análises químicas. Em outros quatro pontos, é feita análise de turbidez a cada hora. O rejeito que vazou da barragem 1 está concentrado no córrego Feijão e Carvão e na sua confluência com o Paraopeba.

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