SUS ampliará tratamento de hemofilia com terapia menos invasiva para crianças
O tratamento da hemofilia grave em crianças no Brasil está prestes a passar por uma transformação significativa. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o governo solicitará à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec) a autorização para expandir o uso do medicamento Emicizumabe para crianças de até seis anos de idade com a doença. O fármaco já é disponibilizado na rede pública para pacientes adultos.
A notícia foi recebida com alívio por famílias como a de Joana Brauer, mãe de dois filhos com hemofilia grave, que relata a dor dos pequenos durante a terapia tradicional, que exige infusões venosas frequentes. “Meu filho é furado quatro vezes por semana”, lamenta.
Benefícios da terapia subcutânea
O principal diferencial do Emicizumabe em relação à terapia tradicional de reposição do fator VIII é a forma de aplicação. O novo tratamento é feito por via subcutânea, sendo significativamente menos invasivo e mais confortável para os pacientes. O Ministério da Saúde argumenta que a nova terapia diminuirá a frequência dos sangramentos e reduzirá o número de aplicações para apenas uma vez por semana.
“Isso vai trazer autonomia e liberdade para as crianças e para as famílias”, destacou o ministro Padilha.
Para Joana Brauer, que também é ativista pelos direitos das pessoas com hemofilia, a mudança é imensurável. “A gente não está falando só de um acesso mais facilitado por ele ser subcutâneo. Estamos falando das mães e das crianças conseguirem, de fato, aderir ao tratamento”, disse.
Impacto na vida das mães cuidadoras
A ativista ressalta o impacto da doença na rotina das famílias, onde mais de 80% dos cuidadores são as mães. Ela explica que muitas delas são forçadas a abandonar seus empregos devido à necessidade de se deslocarem frequentemente aos Hemocentros para o tratamento tradicional, além da dificuldade do acesso venoso em crianças com outras condições, como o autismo ou outras neurodivergências.
“O posicionamento do ministério vai mudar a realidade dessas mães”, afirma Joana.
Investimento e dignidade pelo SUS
O ministro Alexandre Padilha ressaltou que a ampliação do Emicizumabe para crianças representará um “avanço muito importante” para os pacientes e seus familiares. Atualmente, a medicação já é fornecida pelo SUS para pessoas com mais de seis anos, especialmente aquelas que desenvolvem anticorpos inibidores contra o Fator VIII.
Padilha enfatizou o alto custo do tratamento, que, se fosse pago pelas famílias, giraria em torno de R$ 300 mil a R$ 350 mil por ano. “Quando a gente faz isso pelo SUS, nós estamos fazendo um grande investimento, que faz com que o Brasil seja o maior país do mundo a oferecer isso de graça pelo SUS. Estamos gerando dignidade e conforto para as crianças”, concluiu o ministro. Com informações da Agência Brasil


