Cobertura de mamografia é baixa no Brasil e dificulta a prevenção do câncer de mama
Um relatório do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) lança luz sobre os desafios no combate ao câncer de mama no país, destacando que a falta de acesso a exames de rastreamento limita a prevenção. A cobertura de mamografias no Brasil é de apenas 24%, muito abaixo do ideal de 70% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Disparidade de acesso no país
Apesar de o país ter um número suficiente de mamógrafos em todos os estados, segundo o CBR, o acesso é desigual e dificultado por problemas logísticos e de informação.
O Brasil possui 6.826 equipamentos registrados, com 96% em funcionamento. Metade desse total está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), que atende 75% da população.
A distribuição dos aparelhos revela uma grande disparidade entre as redes:
SUS: O sistema público conta com 2,13 mamógrafos para cada 100 mil habitantes que dependem do serviço.
Saúde Suplementar: Na rede privada, que cobre 25% da população, a proporção é de 6,54 aparelhos por 100 mil beneficiárias, quase o triplo do observado na rede pública.
O estado do Acre ilustra bem essa desigualdade: são 35,38 mamógrafos por 100 mil habitantes na rede privada, em comparação com 0,84 no SUS.
Gargalos logísticos e regiões mais afetadas
As dificuldades de acesso são exacerbadas por problemas logísticos, especialmente na Região Norte, onde os mamógrafos estão concentrados em centros urbanos. Ivie Braga de Paula, coordenadora da Comissão Nacional de Mamografia do CBR, cita o exemplo de que a população ribeirinha precisa, muitas vezes, viajar de barco por “seis a sete horas” para conseguir realizar o exame.
Mesmo nos grandes centros, pacientes da periferia enfrentam barreiras como a falta de informação e dificuldades para agendar e se deslocar até o local com mamógrafo.
Disparidades regionais
Apesar de São Paulo concentrar a maior parte dos mamógrafos, sua taxa de cobertura ainda está em torno de 26%.
Em termos de proporção de aparelhos por 100 mil habitantes dependentes do SUS, as maiores e menores taxas são:
Maiores proporções: Paraíba (4,32), Distrito Federal (4,26) e Rio de Janeiro (3,93).
Menores proporções: Roraima (1,53), Ceará (2,23) e Pará (2,25).
O papel crucial do diagnóstico precoce
A detecção precoce de tumores é o fator mais eficiente na redução da mortalidade. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 73 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de mama anualmente no Brasil.
Ivie Braga de Paula destaca que a mamografia é a única forma de identificar tumores em estágios iniciais, antes mesmo do surgimento de sintomas clínicos. Um câncer de mama diagnosticado com menos de 1 cm tem uma chance de cura de 95% em cinco anos, independentemente do tipo de agressividade. Por essa razão, as mulheres que precisam realizar a mamografia são, em essência, mulheres saudáveis.
Em setembro, o Ministério da Saúde ampliou suas diretrizes de rastreamento, recomendando que mulheres entre 40 e 49 anos façam mamografias mesmo na ausência de sintomas. Com informações da Agência Brasil

