Nova Serrana realizará estudo para intervenção e melhoria da atenção à Doença de Chagas

Ocorreu no dia 5 de outubro, quarta-feira, em Nova Serrana (macrorregião de Saúde Oeste), o lançamento do Projeto de Implementação para melhor diagnóstico e tratamento da Doenças de Chagas do Centro de pesquisas de Medicina Tropical de São Paulo-Minas Gerais (Sami-Trop/Doenças de Chagas). O projeto, chamado ImplementaChagas/SaMi-Trop, é uma parceria entre as Universidades de São Paulo (USP), de Minas Gerais (UFMG), de São João Del Rei (UFSJ), e de Montes Claros (Unimontes), com apoio do Grupo de Trabalho (GT) de Doenças de Chagas (DC) da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis. Além de Nova Serrana, os municípios de Francisco Dumont e Verdelândia, no Norte de Minas, participam da estratégia de implementação de intervenção para tratamento antiparasitário da doença de Chagas no nível da Atenção Primária à Saúde.

O objetivo do Grupo Sami-Trop/Chagas é proporcionar, por meio da implementação da pesquisa, diagnóstico precoce e tratamento oportuno buscando melhor qualidade de vida para os pacientes diagnosticados com a doença.

Para isso, o Sami-Trop, a partir da coleta das informações, busca capacitar a Atenção Primária do município que aceitou fazer parte da pesquisa. A coordenadora do GT Chagas da SRS Divinópolis, Nayara Dornela, explica que embora as diretrizes de manejo de DC recomendem uma abordagem inicial no nível de Atenção Primária, a realidade é diferente. Há uma dificuldade no diagnóstico, um baixo índice de suspeita, grande proporção de pacientes sem sintomas que tornam o manejo clínico um grande desafio, pois quando chegam às unidades, apresentam um quadro evoluído da doença. “O resultado desta combinação de fatores impeditivos faz com que a demanda espontânea de pacientes em áreas endêmicas seja baixa, e que a proporção de pacientes oportunamente diagnosticados e tratados seja totalmente deficiente”, disse. “Consequentemente, os pacientes são diagnosticados em estágios avançados da doença, onde apenas o tratamento sintomático demonstrou sua eficácia”, completou a coordenadora do GT de Chagas da SRS Divinópolis.

O município de Nova Serrana terá o papel de generalização da pesquisa justamente por não ser um município hiperendêmico, diferente do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. A pesquisadora do Sami-Trop, Nayara Baldoni ressalta que Nova Serrana representa o perfil de municípios do Brasil e do mundo não sendo altamente endêmico para a doença. “A cidade possui muitos moradores migrantes de regiões onde sabidamente era encontrado o barbeiro transmissor da Doença de Chagas”, disse a pesquisadora. “Grandes centros como cidades dos Estados Unidos e países europeus, como Espanha, ou município de São Paulo detectam casos de Doença de Chagas que não são de pessoas que viveram durante toda a vida no município, semelhante a situação de Nova Serrana. Dessa forma, Nova Serrana é o local ideal para o estudo, que dá força para a generalização dos resultados da pesquisa”, completou a pesquisadora.

Quanto às expectativas da implantação do projeto, a também pesquisadora do Sami-Trop/ Chagas, Ana Carolina Oliveira, destacou que espera “deixar frutos duradouros para o município, colaborando com a construção e modificação da saúde pública”. A secretária municipal de Saúde de Nova Serrana, Gláucia Sbampato Pereira reforçou que sempre apoia a equipe. “Quando se trabalha de forma multidisciplinar, ficamos mais fortes para articular melhorias na saúde pública”, disse a secretária. O superintendente regional de Saúde de Divinópolis, Julio Barata, frisou a importância da parceria da academia para a melhoria da saúde pública. O prefeito de Nova Serrana agradeceu aos profissionais de saúde do município por aceitarem participar da pesquisa e ponderou que “embora pareça uma doença antiga e que não exista mais, nós temos ainda um grande trabalho para identificar e tratar pessoas adoecidas”. Com informações da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais.