Randolfe defende integração policial e penas mais duras contra facções, em vez de rótulo de terrorismo

O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), posicionou-se sobre o debate no Legislativo a respeito do combate às organizações criminosas. Randolfe argumenta que classificar facções criminosas e milícias como terroristas não é a solução para o problema, podendo, inclusive, abrir precedentes para interferências estrangeiras no país.

“O que nós não queremos é dar brecha para qualquer nação estrangeira intervir no Brasil. O problema do crime organizado vai ser resolvido por nós, brasileiros”, afirmou Randolfe à Agência Brasil.

Conteúdo contra o crime, não apenas o rótulo
O senador destacou que o Executivo não se opõe ao rótulo de terrorismo, mas avalia que essa medida é inócua para avançar no combate efetivo ao crime organizado. Para ele, o foco do debate deve ser o conteúdo das políticas de segurança.

“Eu não quero debater rótulo, eu quero debater o conteúdo [das políticas] para derrotar o crime. Não é o rótulo que vai derrotar o crime organizado. Tem que aumentar a pena para membro de facção, tem que combater o fluxo financeiro das facções, tem que ter coordenação de forças policiais”, justificou o líder governista.

Randolfe defende que o governo apresentou propostas concretas, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança e o PL Antifacção, que visam aumentar as penas para membros de organizações criminosas, integrar as polícias e investir na inteligência das forças de segurança. Segundo ele, o combate eficaz exige coordenação policial e a permanência do Estado nas áreas de atuação do crime.

Disputa e intervenção estrangeira
A disputa sobre o tema ocorre na Câmara dos Deputados, onde o governo e a oposição divergem sobre qual projeto deve prevalecer: o PL das facções, proposto pelo Executivo, ou o PL do Terrorismo (1.283/2025), de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE), que equipara milícias e facções ao terrorismo. O presidente da Câmara, Hugo Motta, deve decidir o rito de tramitação, podendo inclusive juntar os dois textos.

Especialistas em segurança alertam que equiparar facções ao terrorismo pode expor o Brasil a estratégias intervencionistas, especialmente por parte dos Estados Unidos na América Latina. O líder Randolfe Rodrigues classificou a tentativa de rotular as organizações como um discurso político-ideológico. “Vamos parar de proselitismo e de ideologização da questão e tratar como uma questão de Estado para ser enfrentada por todos os lados”, disse.

A justificativa do PL do terrorismo
O autor do PL que equipara as facções ao terrorismo, deputado Danilo Forte, defendeu a medida, alegando que ela daria às forças policiais melhores condições de enfrentamento sem o receio de sanções da Corregedoria.

“O PL dá condição para você criar situações extralegais de poder fazer o enfrentamento, inclusive ações preventivas,” afirmou Forte, defendendo que as ações do crime organizado no Brasil, que provocam medo coletivo, são, na prática, condutas de terrorismo.

O deputado ainda rejeitou a tese de que a medida abriria margem para intervenção estrangeira, argumentando que isso seria responsabilidade da ONU e que a soberania só é ferida se houver acordos bilaterais ou multilaterais, o que, em sua visão, não existe. Ele concluiu que o Brasil já está “perdendo a soberania para o crime, internamente”. Com informações da Agência Brasil

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