MG tem explosão de casos de Dengue e Chikungunya, além de um aumento nos índices de Covid-19

Nos primeiros meses de 2024, a população de Minas Gerais se vê diante de uma explosão de casos de dengue e chikungunya, além de um aumento nos índices de covid-19. O Laboratório Central de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (Lacen-MG), localizado na Fundação Ezequiel Dias (Funed), é responsável por realizar análises moleculares de diversas doenças de notificação, incluindo as arboviroses (dengue, zika, chikungunya e febre amarela), além do coronavírus SARS-CoV-2.

Um levantamento recente realizado pela Funed, no que diz respeito ao diagnóstico molecular das arboviroses e da covid-19, evidencia um desafio para a saúde pública, dado o crescimento no número de amostras recebidas e de percentual de resultados detectáveis. As análises abrangem uma amostragem de todas as regiões do estado de Minas Gerais, entre janeiro de 2022 e fevereiro de 2024.

Covid-19
Desde o início da pandemia, a Funed realizou 486.988 exames laboratoriais para o vírus SARS-CoV-2, respondendo por quase metade dos testes realizados no sistema público de Minas Gerais (1.087.811). Em janeiro de 2024, o percentual de detecção foi de 12%, aumentando para 27% em fevereiro. Em dezembro de 2023, esse índice era de 7,5%. De acordo com a referência técnica em Vigilância de Vírus Respiratórios da Funed, André Felipe Leal Bernardes, esse aumento pode ser atribuído à introdução da variante JN1 em Minas Gerais, além de eventos de aglomeração de pessoas, como o Carnaval.

“A variante JN1 é hoje a mais identificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo sido mapeada pela Funed no estado em janeiro deste ano. Apesar de o pico da doença já ter passado, o aumento nos números de casos merece atenção, principalmente pelo fato de a covid ainda causar óbitos”, ressalta André. No Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, nas quatro últimas semanas epidemiológicas (Boletim Infogripe de 11/2/2024 a 17/2/2024), Minas Gerais apresentou a maior taxa de mortalidade por SARS-CoV-2, com 0,1 óbito por 100.000 habitantes.

Arboviroses
Já o cenário molecular das arboviroses se revela como a maior epidemia já registrada na história do estado de Minas Gerais. Em janeiro de 2023, a Fundação processou 2.823 amostras, enquanto em 2024 esse número chegou a 20.714. Segundo a referência técnica do Laboratório de Arbovírus da Funed, Marília Rocha, os números mostram um aumento de 733% no volume de amostras recebidas pelo Lacen-MG. “Até o dia 24/2/2024, foram liberados 77.808 exames para arboviroses. Já ao longo de todo o ano de 2023, foram liberados 200.267 exames. Isso mostra que, em menos de dois meses do ano corrente, já foram processados 40% do total de exames realizados nos 12 meses anteriores, evidenciando a magnitude da epidemia causada por arbovírus em Minas Gerais neste ano”, ressalta.

A referência técnica do Laboratório de Biologia Molecular da Funed, Ludmila Oliveira Lamounier, evidencia ainda que o percentual de detecção combinado dos vírus dengue e chikungunya, até o momento, é superior a 50%. “Adicionalmente, os sorotipos 1, 2 e 3 já foram diagnosticados pelo Lacen-MG na atual epidemia de dengue”, acrescenta.

O agravamento das arboviroses no estado pode ser ilustrado pelos dados do Ministério da Saúde. Em 2023, foram registrados 1.654.816 casos prováveis de dengue no Brasil, dos quais 935.753 ocorreram na região sudeste, com cerca de 50% (408.393) dos casos em Minas Gerais. Já em 2024, em menos de dois meses, foram registrados 762.542 casos, quase metade do total do ano anterior, com mais de 50% (479.764) dos casos na região sudeste e 268.976 casos concentrados em Minas Gerais (representando 56%).

Já no caso da chikungunya, em 2023, foram registrados 154.800 casos prováveis da doença no Brasil, sendo aproximadamente 70% (105.473) na região sudeste e 95.055 em Minas Gerais (90%). Em 2024, em menos de dois meses, foram registrados 42.039 casos prováveis, com 81% (34.092) na região sudeste e 30.272 (89%) em Minas Gerais.

Vigilância laboratorial
De acordo com o chefe do Serviço de Virologia e Riquetsioses (SVR) da Funed, Felipe Campos de Melo Iani, os dados apresentados refletem uma realidade complexa e desafiadora no enfrentamento das doenças infecciosas, especialmente a covid-19 e as arboviroses. “A análise molecular realizada pelo Lacen-MG evidencia não apenas a magnitude do impacto dessas enfermidades na saúde pública, mas também a importância da vigilância molecular e da capacidade de resposta laboratorial diante de emergências de saúde”, frisa.

Para a chefe da Divisão de Epidemiologia e Controle de Doenças da Funed, Josiane Barbosa Piedade Moura, a crescente incidência de casos de covid e a explosão de casos de arboviroses ressaltam a necessidade contínua de medidas preventivas e estratégias de controle para monitorar e conter a propagação dos vírus, além de intervenções eficazes no controle do vetor, no caso das arboviroses. “Diante desse cenário, é crucial o fortalecimento dos sistemas de vigilância preditiva, o investimento em infraestrutura laboratorial e análise de dados que permitam a rápida liberação dos resultados, além da implementação de plano de contingência institucional para atendimento de grandes epidemias”, ressalta. Com informações da Assessoria de Comunicação da Fundação Ezequiel Dias.

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