Método inovador identifica cenários críticos para a contaminação da água

Equipes de pesquisa da Embrapa desenvolveram um método inovador para identificação de áreas agrícolas mais vulneráveis ​​para contaminação de águas subterrâneas, com base na análise de dados geoespaciais. O método tem aplicação principalmente nas avaliações de risco ambiental de agrotóxicos solicitadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) para registro de novos produtos. Os resultados do estudo foram obtidos em um projeto cofinanciado pelo CNPq e publicado pela Embrapa no final de 2023.

A aplicação de agrotóxicos pode gerar resíduos e o processo de lixiviação não só contaminando a água subterrânea. Para identificar os cenários críticos, ou seja, as condições mais propícias à contaminação, foi utilizado um modelo que considera, entre outros fatores, o tipo de solo e sua umidade, a profundidade do lençol freático ou aquífero e o tempo que o agrotóxico levaria para chegar até eles. Quanto maior esse tempo, mais ele fica exposto ao processo de manipulação no solo e diminui as chances de ocorrer contaminação. Os pesquisadores buscaram um modelo que não subestimasse os riscos. “Nossa preocupação, nessa estimativa, é a segurança”, declarou o analista Rafael Mingoti, da Embrapa Territorial, um dos autores do trabalho.

Uma das vantagens do novo método é ser protetora às condições brasileiras, com sua diversidade de clima e solos. Atualmente, as análises seguem procedimentos da Agência de Proteção Ambiental (EPA), com base no cenário dos Estados Unidos. A publicação disponibilizada em dezembro traz uma aplicação do método no estado de São Paulo, para três culturas agrícolas mais representativas no território paulista: cana-de-açúcar, citros e soja. Esse trabalho aponta, por exemplo, que os cenários mais críticos para a contaminação de águas subterrâneas estão em 1% da área de soja, 1,6% da área com cana-de-açúcar e 4,1% da área com citros.

O maior desafio da equipe, na avaliação de Mingoti, foi estimar a profundidade dos lençóis freáticos. “Tivemos que utilizar um modelo bem complexo para todo o estado”, disse o supervisor. Outra etapa trabalhada foi estimar o que se chama de umidade do solo na capacidade de campo, isto é, um solo que não está seco nem úmido demais. “Foram várias equações e vários bancos de dados para chegar nessa informação”, adicionou.

Para esse trabalho, foi organizado um banco de dados georreferenciados em escala 1:750.000 com as características físicas, químicas e hidráulicas dos solos no estado. Ela está disponível na Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa (GeoInfo).

Claudio Spadotto, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital que também assina o estudo, explica que a identificação de ambientes com base no índice de vulnerabilidade das águas subterrâneas deve auxiliar a tomada de decisão nos processos regulatórios e no ordenamento territorial de atividades potencialmente poluidoras.

“Os valores de parâmetros dos cenários críticos apresentados no estudo serão incluídos na base de dados da tecnologia ARAquá, disponível na versão ARAquáWeb . Esta tecnologia é recomendada pelo Ibama, desde 2013, para a avaliação de riscos ambientais nos processos de registro de agrotóxicos e contribui para prevenir a contaminação de águas superficiais e subterrâneas”, ressalta Spadotto.

Ainda segundo ele, o trabalho tem potencial para ser expandido para outras regiões do País. “Novos trabalhos estão sendo planejados para, com os dados necessários disponíveis e alguns ajustes, aplicar o método em outras partes do território brasileiro. Com informações da Embrapa.

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