Cuidados com a Leptospirose: doença infecciosa transmitida pela urina de animais, principalmente ratos

A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre a partir da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou por meio de mucosas. O período de incubação, ou seja, intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sinais e sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.

A doença apresenta elevada incidência em determinadas áreas além do risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ocorrência está relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. As inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a taxa de incidência média de leptospirose é de aproximadamente 3,71 casos por 100.000 habitantes, com uma letalidade de 19,22%1. Em Minas Gerais, a doença também é uma preocupação significativa, especialmente durante períodos de chuvas intensas.

No Brasil, a leptospirose é endêmica, com surtos epidêmicos durante a estação chuvosa. Entre 2010 e 2024, foram registrados 42.310 casos confirmados no país, com uma média anual de 3.846 casos.

Nesse contexto, a referência técnica em zoonoses da Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte, Daiane Freitas, ressalta a importância do trabalho conjunto. “A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Regional de Belo Horizonte, atua apoiando os municípios nas ações de prevenção e controle da doença realizando monitoramento e vigilância de casos humanos suspeitos e confirmados”.

Sintomas
As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros graves, associados a manifestações fulminantes, e são divididas em duas fases, a fase precoce e a fase tardia.

Os principais sintomas da fase precoce são:
– febre
– falta de apetite
– dor muscular
– principalmente na panturrilha
– dor de cabeça
– náuseas/vômitos

Podem ocorrer diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, tosse; mais raramente podem manifestar exantema, aumento do fígado e/ou baço, aumento de linfonodos e sufusão conjuntival.

Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença. Nas formas graves, a manifestação clássica da leptospirose é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade alaranjada muito intensa – icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. Pode haver necessidade de internação hospitalar.

Tratamento
O tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado no momento da suspeita. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco.

A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas. Na fase precoce, são utilizados Doxiciclina ou Amoxicilina; para a fase tardia, Penicilina cristalina, Penicilina G cristalina, Ampicilina, Ceftriaxona ou Cefotaxima.

Prevenção
As medidas de prevenção e controle devem ser direcionadas aos reservatórios (roedores e outros animais), à melhoria das condições de proteção dos trabalhadores expostos e das condições higiênico-sanitárias da população, e às medidas corretivas sobre o meio ambiente, diminuindo sua capacidade de suporte para a instalação e proliferação de roedores.

São essenciais os cuidados com a água para consumo humano, a garantia da utilização de água potável, filtrada, fervida ou clorada para consumo humano, haja vista serem comuns quebras na canalização durante as enchentes.

A lama de enchentes tem alto poder infectante e adere a móveis, paredes e chão. Recomenda-se retirar essa lama (sempre com a proteção de luvas e botas de borracha) e lavar o local, desinfetando-o a seguir com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, na seguinte proporção: para 20 litros de água, adicionar duas xícaras de chá (400 ml) de hipoclorito de sódio a 2,5%. Aplicar essa solução nos locais contaminados com lama, deixando agir por 15 minutos.

Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).

Para o controle dos roedores, recomenda-se acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, entre outros. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados. Com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.

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