Bandas de música de Minas Gerais são reconhecidas como patrimônio cultural imaterial do estado
Minas Gerais celebrou um momento decisivo para a sua rica identidade cultural. Em uma decisão unânime, o Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep) aprovou o reconhecimento dos Saberes e Formas de Expressão das Bandas de Música de Minas Gerais como Patrimônio Cultural Imaterial do estado. A votação ocorreu durante uma reunião histórica no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
Celebração na Praça da Liberdade
O anúncio oficial ocorreu no mesmo dia em que a Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, se tornou o palco do 1º Encontro Estadual de Bandas de Música. O evento, promovido pelo Governo de Minas — por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Iepha-MG e com apoio da Cemig —, reuniu mais de 40 corporações musicais vindas de diferentes cantos do estado.
O encontro transformou o icônico espaço em um grande centro de celebração da tradição musical mineira, que agora recebe o mais elevado grau de proteção cultural do estado. A festividade se estendeu em um alegre cortejo das bandas, que partiram do coreto da Praça da Liberdade em direção ao Palácio da Liberdade.
Valorização da memória e da mineiridade
A secretária de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Bárbara Botega, enfatizou a relevância do reconhecimento. Ela destacou que a medida valoriza a jornada de grupos que, por gerações, mantiveram viva a tradição das bandas.
“Ao reconhecermos as bandas como patrimônio, preservamos nossa memória, valorizamos a nossa mineiridade, reconhecemos a trajetória desses grupos e contribuímos para fortalecer a nossa economia criativa. Minas valoriza sua história, mas também projeta seu futuro por meio da cultura”, afirmou a secretária.
Paulo Roberto do Nascimento, presidente do Iepha-MG, ressaltou que o registro formaliza um merecimento histórico. “É o reconhecimento de um dos mais importantes e democráticos movimentos culturais genuinamente mineiros, do vibrante som dos dobrados aos solenes cortejos das procissões da Semana Santa que percorrem todo o Estado de Minas Gerais”, disse.
Alma de Minas e a força da comunidade
De acordo com o diretor de Proteção e Memória do Iepha-MG, Adriano Maximiano, a oficialização deste patrimônio reforça o papel essencial que as bandas exercem na construção da sociedade mineira. “As bandas de música são parte da alma de Minas Gerais. Elas atravessam gerações, unem comunidades e mantêm viva uma tradição que forma músicos e cidadãos”, explicou.
O processo que levou ao registro teve início em 2024 e incluiu uma extensa pesquisa, com entrevistas, produção de material audiovisual, levantamento de repertórios e a elaboração de um detalhado dossiê técnico. As bandas, presentes em festejos religiosos, cerimônias cívicas e celebrações populares desde o período colonial, são consideradas pilares tanto da educação musical quanto da vida comunitária em Minas.
Para o maestro Frederico Teixeiras de Freitas, idealizador do Encontro Estadual, este feito fortalece um legado que sempre deu base à cultura mineira. “Cada banda é uma pequena orquestra de afetos e tradições. Esse reconhecimento dá visibilidade a um trabalho coletivo que emociona e transforma”, celebrou.
Com mais de 700 bandas ativas, muitas delas centenárias, Minas Gerais consolida com este registro um capítulo fundamental de sua história. A medida garante que este saber coletivo, transmitido de forma oral e comunitária, permaneça vivo e acessível para as próximas gerações. Com informações da Agência Minas

