Atualizado zoneamento de risco climático do café canéfora
A versão atualizada do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) do café canéfora foi publicada nas Portarias nº 6 e nº 7 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os dados do zoneamento elaborados por especialistas da Embrapa para cultivo e produção podem ser consultados no site do ministério. O Zarc delimita regiões e épocas de cultivo em classes de risco climático.
No caso do café, assim como nas demais culturas perenes, o Zarc se subdivide em dois estudos. O primeiro identifica os municípios com menor risco para o ciclo anual de produção considerando o café programado, em produção. Uma vez definidas como regiões com condições adequadas à produção, o segundo estudo define como épocas de menor risco para a implantação do café, ou seja, considerando o plantio de mudas.
O setor produtivo e as instituições de crédito rural e de seguro que atuam com o café canéfora contam, agora, com a avaliação de riscos climáticos considerando o sistema de classificação de solo em 6ADs – que são classes de solo que determinam a capacidade de água disponível para a planta -, além de ser diferenciado em dois sistemas de produção (sequeiro e irrigado), entre outras possibilidades de previsão durante a consulta.
A novidade resulta do aprimoramento da metodologia de zoneamento e da incorporação de novos conhecimentos da cultura nos últimos dez anos, desde a última edição do Zarc para o canéfora, em 2010. Segundo dados do IBGE, 11 municípios de dez estados mantêm produção de conilon e robusta, variedades botânicas da espécie canéfora. Espírito Santo, Rondônia e Bahia são os principais estados produtores.
As variedades clonais da espécie canéfora, desenvolvidas pela Embrapa Rondônia , contam com experimentos no Acre e Roraima, sinalizando uma expansão da área de cultivo e de mercados internacionais, inclusive. Em 2021, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial ( INPI ) concedeu uma denominação de origem aos Robustas Amazônicos. Um reconhecimento das características únicas do café produzido na região e valorização do potencial para produção sustentável e da qualidade diferenciada. Para saber mais, acesse AQUI.
Produção – Dados do Observatório do Café apontam que o faturamento bruto dos cafés em 2023 ficou em quase 50 bilhões. Os cafés robusta e conilon ficaram com o equivalente a 24% desse total, ou R$ 11,75 bilhões. Atualmente, a canéfora responde por 30% da produção de café no País, que na safra 2022/2023 ocupou quase 400 mil hectares, resultando em cerca de 16,2 milhões de sacas de café beneficiadas, de acordo com a Conab.
Com mais cafeína, sólidos solúveis e ácidos que o café arábia – que domina os mercados nacionais e internacionais em que o Brasil é líder – a canéfora tem destino específico para a produção de café solúvel e de blends.
A maior resistência a algumas doenças e a menor dependência de insumos, bem como a possibilidade de produção sustentável e com inclusão social, motivam a Embrapa a manter programas de melhoramento secundário às variedades do canéfora. A espécie é cultivada por agricultores familiares e, basicamente, no sistema manual de produção, explica o responsável técnico da cultura no programa de zoneamento, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Gustavo Costa Rodrigues.
Setor Produtivo participa de validação do zoneamento
Como forma de conferir robustez ao zoneamento, a equipe responsável pela atualização do Zarc do café canéfora realizou duas reuniões de validação com o setor produtivo. Um dos encontros reunidos produtores do Norte e Nordeste e outros com redes e cooperativas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O diálogo viabiliza a incorporação de contribuições ao estudo antes da publicação.
Durante as reuniões, os especialistas explicaram o que é o zoneamento, detalhando as metodologias e parâmetros climáticos utilizados. Déficit hídrico, no sistema de produção em sequeiro, assim como temperaturas muito baixas (geada) ou muito elevadas são os principais riscos climáticos da cultura que balizaram os critérios adotados neste zoneamento, utilizados no planejamento da produção e redução de riscos, exigidos para orientação do seguro rural. O responsável técnico da cultura explica que o zoneamento é um estudo de probabilidade feito por meio de metodologia de análise de variáveis como temperatura, tipo de solo e disponibilidade hídrica.
Os dados são cruzados com a frequência do risco climático extraída de 3.500 estações secundárias espalhadas pelo Brasil, com histórico de 30 anos. Após o trabalho de parametrização e simulações, realizado com metodologia desenvolvida por equipe da Embrapa Agricultura Digital, o material passou por uma etapa de pré-validação junto a 15 pesquisadores de unidades da Embrapa que atuam nas áreas de fitotecnia e melhoramento genético do café canéfora.
“Contamos com a contribuição de especialistas da Embrapa Café, Cerrados, Acre, Rondônia, Pesca e Aquicultura. A ideia é identificar lacunas que possam ter escapadas na fase anterior e, assim, ajustarmos a simulação a partir de informações de quem está vivendo a cultura. Dessa forma entregamos um produto final confiável para fins de planejamento e acompanhamento de riscos da cultura”, detalha Rodrigues.
Aplicativo gratuito facilita consulta ao Zarc
O Zarc-Plantio Certo é um aplicativo desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital e disponível de forma gratuita para sistemas operacionais Android (Google) e iOS (Apple), que auxilia produtores e agentes da cadeia do agronegócio, por meio da disponibilização das informações oficiais do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), numa interface de fácil compreensão.
A consulta ao Zarc-Plantio Certo permite que o usuário receba a indicação das diferentes taxas de riscos (20%, 30% e 40%) de perdas por eventos meteorológicos adversos, atrelados às suas respectivas épocas de planejamento, abrangendo o café canéfora entre as 43 culturas e todos os municípios do território nacional. Acesse AQUI informações sobre a ferramenta. Com informações da Embrapa.