Estudantes valorizam a escola, mas a relação com professores é um desafio
Menos de 40% dos estudantes dos anos finais do ensino fundamental dizem valorizar e respeitar os professores. O dado alarmante faz parte de uma pesquisa que ouviu mais de 2,3 milhões de alunos em 21 mil escolas por todo o país. O levantamento, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social, busca subsidiar a criação da primeira política nacional voltada para esta etapa escolar, que abrange a transição da infância para a adolescência.
A pesquisa revelou que, apesar de mais da metade dos alunos se sentir acolhida pela escola, a relação com os educadores é um ponto de atenção. Enquanto 66% dos estudantes mais novos (6º e 7º anos) se sentem acolhidos, o percentual cai para 54% entre os mais velhos (8º e 9º anos), que também têm uma visão menos positiva da escola de forma geral.
Um ambiente diverso exige adaptação
A secretária de Educação Básica do MEC, Katia Schweickardt, ressaltou que a pesquisa ajuda a entender que cada aluno aprende de um jeito e que é preciso adaptar a escola e o currículo para essa realidade. Ela explicou que o currículo deve ser mais do que uma lista de conteúdos e sim uma vivência significativa para os estudantes.
A pedagoga Tereza Perez, da organização Roda Educativa, reforçou a importância de reconhecer a diversidade dentro das salas de aula para evitar a evasão e o abandono dos estudos. Ela alertou que a busca por uma aprendizagem homogênea, que ignora as particularidades de cada aluno, pode levar à reprovação e, em muitos casos, não atinge seu propósito educativo.
Socialização e conteúdo
No que diz respeito à socialização, a pesquisa mostra que a escola é vista por muitos como um lugar que favorece amizades. No entanto, a relação com os professores é o grande ponto de alerta: apenas 39% dos mais novos e 26% dos mais velhos afirmaram respeitar e valorizar os docentes.
Sobre os conteúdos considerados mais relevantes, os estudantes mais novos dão mais importância às disciplinas tradicionais, seguidas por temas como esporte e saúde mental. Já os alunos mais velhos, embora também valorizem as disciplinas tradicionais, demonstram um interesse maior em habilidades para o futuro, como tecnologia e educação financeira.
Patrícia Mota Guedes, do Itaú Social, destacou a importância de ouvir os estudantes para a criação de políticas públicas. Ela afirmou que o Brasil é um dos poucos países a incluir a voz dos adolescentes em um processo de construção de políticas educacionais, defendendo que os anos finais do ensino fundamental não sejam mais uma etapa esquecida. Com informações da Agência Brasil

